segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A GRANDE INTERROGAÇÃO

(Erlich)


2014 está aí à porta e bastaria ser tempo para a entrada nos 65 anos para marcar pessoalmente o ano sobre o qual todas as antecipações têm sido realizadas.
A vinheta de Erlich que abre este post antecipa o que praticamente todos aspiramos, ou seja minimizar estragos, conter danos, contrariando na medida da intervenção cívica que estiver ao alcance de cada um o rumo das coisas.
Mas 2014 tem muito de antecipável, para mal das nossas penas. Paradoxalmente, as esquerdas estão muito ativas, dando sinal de vida que não manifestavam já há longo tempo. Tenho de confessar que a legibilidade dos projetos que têm sido trazidos para a opinião pública é muito escassa, não conseguindo vislumbrar que alternativa concreta essas movimentações representam.
E essa é para mim a grande interrogação de 2014 e anos seguintes. Como gerar uma alternativa de governação que convença a Europa dos irredutíveis do pacto orçamental, que encontre um equilíbrio entre a gestão da dívida, a consolidação orçamental, o respeito pela coesão social e condições de competitividade estrutural para a economia portuguesa? Os sinais que o PS nos tem deixado não são animadores de que o possa fazer sozinho, o que é manifestamente desapontador. Será que as movimentações da esquerda não PCP não visam mais do que forçar o PS a novos equilíbrios? Se assim fosse, estaria explicada a vaguidade programática que tem marcado essas movimentações.
Já aqui falei de um governo PS aberto a personalidades de largo espectro político e fiquei agradado que Augusto Santos Silva tenha pensado num modelo de governo com essa natureza. Mas mesmo se esse figurino conseguir ultrapassar a forte oposição dos que no PS salivam já com o poder, as interrogações permanecem, sobretudo do ponto de vista de como gerir a vulnerabilidade decorrente de um tão elevado peso da dívida no PIB.
Trata-se de uma saída em fio de navalha, estreita, perigosa, trabalhosa. A alternativa é uma trajetória de empobrecimento a médio-longo prazo. Por isso vale a pena refletir sobre a sua viabilidade.

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