O nome de Kathleen Geier não me dizia
rigorosamente nada até que no âmbito do debate que o New York Times tem vindo a
promover sobre a desigualdade económica, onde têm participado economistas
americanos de nomeada, dei conta do blogue Inequality Matters – Exploring the causes and consequences of economic inequality.
Os sucessivos contributos de Geier são relevantes
porque analisam integradamente as questões da desigualdade, do desemprego e da
pobreza, mostrando que tais fenómenos são indissociáveis embora possam ser
analiticamente objeto de medida em separado. Essa perspetiva é crucial para
combater algumas posições que tendem por exemplo, como Ezra Klein no WONKBLOG a desvalorizar a questão da desigualdade, clamando que o ataque ao desemprego é prioritário.
Ao blogue de Kathleen Geier devo também o facto
de por seu intermédio ter tomado conhecimento de um artigo viral na internet americana que despertou uma violenta controvérsia acerca do que é ser
efetivamente pobre na sociedade americana.
Num blogue que criou para o efeito (KillerMartinis), Linda Tirado, nascida na classe média, branca, casada com um
iraquiano, com trabalho e vivendo nos subúrbios é um caso típico de mobilidade
descendente que entra nas profundidades da pobreza de forma totalmente atípica
e por isso gerou extremas reservas quanto à autenticidade do seu estatuto. Geier
dá conta de inquirições específicas realizadas que demonstraram a veracidade do
estatuto de Tirado, pese embora a sua imaginação criativa de lançar o seu caso
na rede e ter promovido um processo informal de recolha de fundos.
A entrada na pobreza por via da mobilidade social
descendente é produto desta crise e alerta-nos para a emergência de formas atípicas
de manifestação do fenómeno, para os quais a opinião pública não está nem
sensibilizada nem formada. E não é apenas que na sociedade americana o tema é
relevante. Algumas reportagens do Público e da TSF têm mostrado que o fenómeno
também está cá.
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