Sigo tão de perto quanto possível o impressionante trabalho de “formiguinha” que vai produzindo Michel Aglietta, investigador que funciona para mim como uma espécie de “bússola” que tem já quase quatro décadas de desempenho orientador.
Desta vez chamou-me a atenção para um texto de Schurarick e Taylor nos working papers da NBER (“Credit booms gone bust: monetary policy, leverage cycles and financial crisis, 1870-2008”) em que os autores analisam a evolução de período longo (cento e quarenta anos) de três agregados em catorze países da OCDE para tornarem cristalina a existência de duas eras distintas do capitalismo financeiro – a primeira até ao início da 2ª Guerra Mundial e em que a estreita correlação entre crédito bancário e massa monetária conferia razoabilidade à visão monetarista canónica (à la Friedman) e a segunda posteriormente e em que é visível uma desconexão da massa monetária em relação à rápida tendência ascensional dos créditos bancários e dos ativos financeiros (sobretudo após o início dos anos 70) associada à explosão de inovações no financiamento e ao surgimento de um mercado grossista de liquidez dominado por um sistema de intermediação cada vez mais opaco e alavancado –, assim ajudando à compreensão da crise financeira global de 2007/08.
E o pior é que não está nada fácil quebrar a espinha a uma lógica simultaneamente revolucionária (aproveitamento da dinâmica tecnológica) e reacionária (captura e proteção dos poderes políticos e regulatórios) que se entranhou um pouco por toda a parte...
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