A tragicomédia, ópera bufa ou espetáculo similar
da PT, agora com buscas judiciais, relatórios de auditorias que deviam ser
entregues e não o foram, intromissões despudoradas nesses relatórios, nomes que
estavam e que passaram a não estar, constitui a representação rude, real e não
encenada do universo de gestores que alimentaram o período de ilusão, auge,
ocaso e descrédito do crescimento económico português (e muito lisboeta) e da
consolidação democrática nacional.
O modelo de governação corporativa que acolheu e
permitiu toda esta trama, com total falta de transparência e desrespeito
absoluto pelos interesses de acionistas e trabalhadores de uma empresa que se pretendia
global, mas que ficou reduzido ao mais puro localismo de interesses
determinados, veio de uma vez por todas desmontar a fragilidade do privado e
mostrar os perigos insondáveis da contaminação dos interesses públicos e
privados.
Proponho-vos um exercício de flash-back lento e pausado em torno de tudo que foi publicado sobre
estes gurus nacionais da gestão pretensamente global, incluindo prémios,
honoris causas, outras manifestações de notoriedade e de proximidade ao poder
político para compreendermos, de hoje para o passado, como é que toda esta máscara
foi lentamente maquilhada.
Mas o que me espanta é como apesar de todas as
evidências da ilicitude dos atos os pretensos gurus se mantenham acima e à
margem da responsabilização e da prestação de contas.
Sem comentários:
Enviar um comentário