Três personagens relativamente improváveis marcaram pontos no dia de ontem. Vejamos, sem que qualquer significado especial deva ser atribuido à ordenação e dimensão dos respetivos tratamentos.
Falando numa conferência em Dublin, o governador do Banco de Inglaterra (Mark Carney) lançou um violento ataque à austeridade na Zona Euro, com referências tão curiosas como a meia-dúzia que segue: (i) “é difícil evitar a conclusão de que, se a Zona Euro fosse um país, a política orçamental seria substancialmente mais apoiante”; (ii) “os líderes da Europa não encaram atualmente a união orçamental como parte da união monetária – tal timidez tem custos”; (iii) “a Europa ainda carece de outros mecanismos eficazes de partilha de risco [broad-based risk-sharing, via união de transferências ou pool comum de seguro de desemprego] e é relativamente inflexível”; (iv) “por difícil que tenha sido, alguns países, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, estão agora a escapar dessa armadilha [da dívida] – outros, na Zona Euro estão a afundar-se ainda mais”; (v) “as desvalorizações internas limitam-se a realocar a procura no interior da união entre moedas – elas não estimulam a procura agregada na Zona Euro como um todo” ou “dito de outro modo, dado que a competitividade é relativa, uma solução para alguns não pode ser uma solução para todos”; (vi) “a Europa precisa de um plano compreensivo e coerente para ancorar expectativas, construir confiança e escapar à sua armadilha da dívida”.
Numa entrevista dada em Moscovo à CNBC, o ministro russo das Finanças (Anton Siluanov) declarou com a maior das naturalidades que o seu governo consideraria indiscutivelmente qualquer pedido de assistência financeira que lhe fosse submetido pelo governo grego. Os russos devem estar a gozar que nem pretos com a falta de jeito dos nossos queridos líderes europeus!
Por fim, o pragmático presidente do Parlamento Europeu (Martin Schulz ou, em grego, Μάρτιν Σουλτς) esteve de visita a Atenas – finalmente alguém da área socialista com altas responsabilidades a nível europeu a demonstrar algum sentido político, ou simplesmente a dar mostras de mínimos de senso comum? –, riu e chalaçou com Tsipras e quis assim dar a sua achega no sentido de pôr alguma água na fervura das relações entre a Grécia e a União Europeia.
O confronto ainda está no aquecimento, pelo que o resultado continua em aberto. Mas uma coisa é já definitiva: por muitos que por lá vão berrando, a Europa tremeu e dificilmente permanecerá como dantes – para o melhor ou para o pior?, that is the question...
Falando numa conferência em Dublin, o governador do Banco de Inglaterra (Mark Carney) lançou um violento ataque à austeridade na Zona Euro, com referências tão curiosas como a meia-dúzia que segue: (i) “é difícil evitar a conclusão de que, se a Zona Euro fosse um país, a política orçamental seria substancialmente mais apoiante”; (ii) “os líderes da Europa não encaram atualmente a união orçamental como parte da união monetária – tal timidez tem custos”; (iii) “a Europa ainda carece de outros mecanismos eficazes de partilha de risco [broad-based risk-sharing, via união de transferências ou pool comum de seguro de desemprego] e é relativamente inflexível”; (iv) “por difícil que tenha sido, alguns países, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, estão agora a escapar dessa armadilha [da dívida] – outros, na Zona Euro estão a afundar-se ainda mais”; (v) “as desvalorizações internas limitam-se a realocar a procura no interior da união entre moedas – elas não estimulam a procura agregada na Zona Euro como um todo” ou “dito de outro modo, dado que a competitividade é relativa, uma solução para alguns não pode ser uma solução para todos”; (vi) “a Europa precisa de um plano compreensivo e coerente para ancorar expectativas, construir confiança e escapar à sua armadilha da dívida”.
Numa entrevista dada em Moscovo à CNBC, o ministro russo das Finanças (Anton Siluanov) declarou com a maior das naturalidades que o seu governo consideraria indiscutivelmente qualquer pedido de assistência financeira que lhe fosse submetido pelo governo grego. Os russos devem estar a gozar que nem pretos com a falta de jeito dos nossos queridos líderes europeus!
Por fim, o pragmático presidente do Parlamento Europeu (Martin Schulz ou, em grego, Μάρτιν Σουλτς) esteve de visita a Atenas – finalmente alguém da área socialista com altas responsabilidades a nível europeu a demonstrar algum sentido político, ou simplesmente a dar mostras de mínimos de senso comum? –, riu e chalaçou com Tsipras e quis assim dar a sua achega no sentido de pôr alguma água na fervura das relações entre a Grécia e a União Europeia.
O confronto ainda está no aquecimento, pelo que o resultado continua em aberto. Mas uma coisa é já definitiva: por muitos que por lá vão berrando, a Europa tremeu e dificilmente permanecerá como dantes – para o melhor ou para o pior?, that is the question...
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