sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

AS IMPRESSÕES ACIDENTAIS (I)


O que tem de ser, tem muita força. Pois então, fazer o quê? Nada mais do que levantar esforçadamente a cabeça e assumir com a necessária frontalidade o aprazado regresso à velha e asfixiante Europa e a esta triste e asfixiada “Terrinha”. Porque, mesmo quando o local de procedência é um Brasil a atravessar uma fase menos boa, tudo é tão mais facilmente contornável naquele espírito e naquele clima!

Quanto às “impressões acidentais” que desde a partida me deixaste encomendadas, caro António, aí vão ficar algumas, organizadas segundo as suas diferentes instâncias pertinentes e naturalmente antecedidas pela imagem com que a primeira página de “O Globo” evidenciava o que era a “cidade maravilhosa” nos dias que antecederam “a virada”.


Importará ainda esclarecer que, em termos geográficos, os meus eixos de circulação se centraram nas duas primeiras capitais (Salvador e Rio), mas que à saída deu também para uma tarde na maior de todas as metrópoles sul-americanas, essa “verdadeira selva de prata” que é aquela São Paulo tão cheia de bairros vibrantes e sofisticados quanto de zonas degradadas e agressivas e que é hoje “o melhor exemplo de melting pot em português”. Já agora, e a propósito: por onde passei vi portugueses integrados, uns descendendo dos que para lá foram há já quase um século e outros fazendo parte da geração de emigrantes qualificados que agora nos vai diferenciando. Mas também me deparei com diversos outros “tugas”, estes perfeitamente inconfundíveis do alto daquele seu ar executivo e nonchalant que tão elucidativo é da dimensão do favor/frete com que se dignam distinguir a mole de indígenas que com eles se vai cruzando ou da superioridade quase colonial que julgam ter-lhes calhado em sorte por manifesta e merecida bênção divina – uns pobres diabos!

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