(Capa do Report of the Commission on Inclusive Prosperity)
Lawrence Summers e Ed Balls assinam um relatório
do Center for American Progress, comissariado por personalidades do mundo
anglo-saxónico, que vem mesmo a calhar para o estádio de reflexão deste blogue
sobre a matéria e não esquecendo ainda que a minha amiga Pilar González tenho
um relatório para produzir para a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
centrado sobre os efeitos da crise sobre as classes médias.
O relatório chama-se Report for the Commission on Inclusive Prosperity e o próprio Summers introduz o relatório no Financial Times de hoje, alertando para a relevância de
nos encontros de Davos o tema ser debatido embora as classes médias não estejam
no evento representadas. A ideia de que a luta contra as ameaças ao aumento de
bem-estar material crucial para a recuperação das classes médias deve
circunscrever-se à ação dos bancos centrais é para Summers uma pura ilusão,
pois essa ação não garante que as variáveis centrais dessa recuperação, o
investimento público e privado, reajam em conformidade às intervenções por via
da injeção de liquidez, quaisquer que sejam as formas que essa injeção possa
revestir.
Por hoje, deixo-vos com um excerto do prefácio do
referido relatório:
“(…) A história
diz-nos que as sociedades são bem sucedidas quando os frutos do crescimento são
generalizadamente partilhados. Na verdade, nenhuma sociedade teve êxito sem uma
grande e próspera classe média que assuma a ideia de progresso. Hoje, a
capacidade das democracias de mercado livre para proporcionarem aumentos de
prosperidade largamente partilhados está em causa como nunca esteve. O desafio
crucial que as democracias enfrentam nem é militar nem filosófico. Pelo contrário,
pela primeira vez desde a Grande Depressão muitas democracias industriais não
conseguem aumentar os padrões de vida e gerar oportunidades de mobilidade
social a uma grande parte da sua população. Alguns destes países que geraram
crescimento económico fizeram-no de um tal modo que colocaram muitos dos seus
cidadãos em pior situação. Isto representa um problema económico que ameaça
transformar-se num problema para os sistemas políticos dessas nações – e para a
própria ideia de democracia.”
Claro, direto, incisivo.
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