domingo, 18 de janeiro de 2015

AINDA A CLASSE MÉDIA

(Capa do Report of the Commission on Inclusive Prosperity)


Lawrence Summers e Ed Balls assinam um relatório do Center for American Progress, comissariado por personalidades do mundo anglo-saxónico, que vem mesmo a calhar para o estádio de reflexão deste blogue sobre a matéria e não esquecendo ainda que a minha amiga Pilar González tenho um relatório para produzir para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) centrado sobre os efeitos da crise sobre as classes médias.
O relatório chama-se Report for the Commission on Inclusive Prosperity e o próprio Summers introduz o relatório no Financial Times de hoje, alertando para a relevância de nos encontros de Davos o tema ser debatido embora as classes médias não estejam no evento representadas. A ideia de que a luta contra as ameaças ao aumento de bem-estar material crucial para a recuperação das classes médias deve circunscrever-se à ação dos bancos centrais é para Summers uma pura ilusão, pois essa ação não garante que as variáveis centrais dessa recuperação, o investimento público e privado, reajam em conformidade às intervenções por via da injeção de liquidez, quaisquer que sejam as formas que essa injeção possa revestir.
Por hoje, deixo-vos com um excerto do prefácio do referido relatório:
(…) A história diz-nos que as sociedades são bem sucedidas quando os frutos do crescimento são generalizadamente partilhados. Na verdade, nenhuma sociedade teve êxito sem uma grande e próspera classe média que assuma a ideia de progresso. Hoje, a capacidade das democracias de mercado livre para proporcionarem aumentos de prosperidade largamente partilhados está em causa como nunca esteve. O desafio crucial que as democracias enfrentam nem é militar nem filosófico. Pelo contrário, pela primeira vez desde a Grande Depressão muitas democracias industriais não conseguem aumentar os padrões de vida e gerar oportunidades de mobilidade social a uma grande parte da sua população. Alguns destes países que geraram crescimento económico fizeram-no de um tal modo que colocaram muitos dos seus cidadãos em pior situação. Isto representa um problema económico que ameaça transformar-se num problema para os sistemas políticos dessas nações – e para a própria ideia de democracia.”
Claro, direto, incisivo.

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