terça-feira, 20 de janeiro de 2015

MAIS GREXIT


Já aqui me referi criticamente (post de 15 de janeiro) a um estudo do IFO germânico que procurava induzir os alemães no sentido de que, a acontecer uma falência grega no interior da Zona Euro, ela lhes sairia mais cara (77,1 mil milhões de euros) do que uma falência combinada com um abandono da Zona Euro por parte da Grécia (75,8 mil milhões). Uma diferença que empurraria a opinião pública para a defesa de uma “Grexit”, embora por uns míseros 1,3 mil milhões.

Pois entretanto dois investigadores do think-tank Bruegel (Zsolt Darvas e Pia Hüttl) voltaram ao assunto para concluírem, preto no branco e com chamada a título, que “as perdas alemãs, oficiais e privadas, seriam muito maiores se a Grécia saísse do euro”. Com efeito, e após denunciarem o facto de aqueles cálculos sugerirem falsamente a possibilidade de um cálculo preciso de perdas diretas, os autores apontam os seguintes três fatores como mal considerados pelo instituto alemão: (i) defaults assumidos como integrais – o que as experiências históricas concretas mostram ser improvável (referem mesmo um haircut de 38% nos últimos trinta anos) – e portanto equivalentes para os dois cenários – é sustentado que o haircut aplicável será previsivelmente maior em caso de saída do Euro do que a ocorrer com a continuação da Grécia no Euro; (ii) insuficiência de tratamento dos claims privados, sendo sublinhado que o maior número de falências bancárias que se produziriam em situação de “Grexit” (nova moeda, sua enorme depreciação e contração do PIB) determinaria necessariamente um maior custo; (iii) ausência de atenção em relação à possível ocorrência de outros second round effects (exportações alemãs para a Grécia ou impactos de países terceiros, p.e.).

Mais uns tantos argumentos válidos para um justo “seu a seu dono”...

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