sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

2023, O ANO DA DISSOLUÇÃO (II)

Completando uma abordagem mínima ao ano de 2023, debruço-me agora sobre a respetiva componente internacional. Para subscrever por inteiro a escolha mais comum, para não dizer unânime, da guerra de Gaza como o acontecimento internacional do ano (tal como a invasão da Ucrânia o fora inequivocamente no ano precedente) ― um incidente de rara brutalidade e cujos efeitos estão ainda por apurar em toda a sua potencial e gravosa plenitude.

 

Já quanto à personalidade internacional do ano, e sem menosprezo para com os enormes avanços da Inteligência Artificial e o respetivo potencial e riscos, preferiria por ora optar por algo mais palpável e conjunturalmente tricky como é o estado da geopolítica global em muitas das suas múltiplas e variadas dimensões. E em tal quadro a minha escolha quase óbvia recai sobre o presidente americano Joe Biden, pelo que fez ou tentou fazer de positivo (no apoio à Ucrânia, nas relações com a China, no enfrentar da situação que vai marcando o Médio Oriente) e pelo que se percebe de esforço indómito e quase sobre-humano que um político visivelmente idoso foi procurando levar a cabo, com a invariável agravante de não se vislumbrar que dele possa resultar (até por falta de suporte eleitoral a nível interno) algo de efetivamente promissor para o mundo e suas partes; o que surge manifestamente agravado pela avassaladora ameaça “trumpista” que poderá inapelavelmente arrasar o que reste na sequência das eleições do ano próximo. Ou seja: escolho um alerta focado num Biden bem-intencionado, assoberbado por problemas para que já não parece capaz de convocar a energia necessária à devida resposta mas também desesperadamente consciente de estar de mãos atadas face ao facto de que there is no alternative ― talvez o prenúncio de um futuro que dificilmente deixará de ser terrível...

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