((João Fazenda, https://expresso.pt) e Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
Embora com chamada de primeira página no “Expresso”, a notícia não deixou de surgir em tons envergonhados. E não é caso para menos! Trata-se da inacreditável homenagem que a Universidade Católica (UCP) decidiu organizar para conceder o grau de doutora honoris causa a Angela Merkel, tudo menos uma personagem consensual e relativamente a quem não se pode dizer que Portugal lhe deva algo de minimamente significativo (as paredes do país ainda estão cheias de manifestações sobre quanto foi devidamente protestado aquele período em que a ex-chanceler estava ao comando e mostrou à saciedade, com a inestimável ajuda de Schäuble, que a “Europa alemã” era algo para levar a sério – a Grécia que o diga, verdadeiramente com requintes de uma inusitada malvadez!) e, ao que vai parecendo também, alguém a quem a construção europeia não deverá grande coisa de marcante, talvez antes pelo contrário (veja-se, como simples ilustração, a entrega convicta com que ela procurou trazer Putin para o seio das forças democráticas e o autêntico nó cego energético com que o ditador russo a brindou, em prejuízo da Europa e, em especial, da Alemanha que então governava).
Só a UCP poderá esclarecer os fundamentos – a haver com conteúdo que se considere aceitável – de tão discutível opção, mas há uma coisa que é, desde já, certa: por muito mediatismo que uma passagem de Merkel por Lisboa lhe possa conceder, não é aceitável, nem decente à luz da verdade histórica e de uma certa respeitabilidade face ao sentir de muitos dos seus concidadãos, que seja deste modo indevidamente interpretado um serviço ao País que não apenas não existiu como foi portador de largas camadas de sofrimento para uma grande parte da população nacional. Fica o registo de um lamento tornado obrigatório, o qual é de tanto maior expressão quanto a iniciativa provém de uma instituição estimável, credível e reputada.
(Patrick Chappatte, https://www.spiegel.de)




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