(Elaboração própria a partir de https://censos.ine.pt)
Andava eu em busca de informação estatística para outros fins quando me apercebi que era possível e quiçá útil a realização do exercício que aqui venho propor. Mesmo que com toda a falibilidade associável à comparabilidade temporal dos dados em causa, a disponibilidade de elementos provenientes dos três censos deste século e suscetíveis de permitirem conhecer o grupo socioeconómico do indivíduo titular do alojamento nos agregados domésticos privados permite retirar algumas conclusões interessantes sobre a evolução classista da sociedade portuguesa. Como segue: no início do século, o grupo dominante era o dos administrativos e operários com (alguma) qualificação, o qual viria entretanto a ser ultrapassado pelo dos inativos (assim traduzindo o peso dos pensionistas e, em menor medida, dos desempregados); é visível a quebra nas últimas décadas do terceiro grupo mais representativo em 2001, o dos pequenos patrões, por contraponto à subida do grupo dos profissionais intelectuais e científicos (assim traduzindo, respetivamente, a perda da importância relativa da pequena burguesia comercial, largamente afetada pela significativa alteração dos hábitos de vida e de consumo, e o acréscimo considerável do grau de qualificação da população portuguesa); o grupo dos empresários quase triplica mas mantém-se limitado no conjunto (assim traduzindo quanto a iniciativa ainda não encontra expressão maior na nossa sociedade); por fim, os restantes grupos não evidenciam mudanças de relevo, seja no tocante aos trabalhadores não qualificados ou aos profissionais independentes e dirigentes e quadros intermédios ou do Estado. Subsídios que aqui deixo para uma compreensão mais fina e rigorosa do muito que vai ocorrendo por esse nosso País fora...

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