terça-feira, 15 de julho de 2025

PALMER, O ÚLTIMO PRODÍGIO DA ÉPOCA

 

 

É já um lugar-comum a ideia frequentemente difundida de que o futebol é uma caixinha de surpresas. O mais recente momento de confirmação dessa ideia veio da final da Taça Mundial de Clubes, disputada no Domingo entre dois dos colossos europeus da atualidade, o Chelsea de Enzo Maresca em bom ritmo de construção e o Paris Saint-Germain de Luis Enrique em afirmação largamente consolidada pelos títulos já alcançados nesta época – as odds eram do tipo 73% contra 27% em favor dos franceses, que tinham despachado o Bayern de Munique e o Real Madrid nas fases imediatamente precedentes. Ora, a verdade é que os ingleses despacharam o jogo na primeira parte, através de um esquema tático bem concebido que lhes permitiu aproveitar o engenho e a velocidade de contra-ataque dos seus dois craques principais (Cole Palmer, que acabaria a ser nomeado melhor jogador do torneio, muito pelos dois magníficos golos que concretizou na final, e João Pedro, vindo do Brighton e, antes, do Fluminense). O jogo acabou por não ter história, com o excelente quarteto de portugueses a ter de se contentar com o vice-campeonato – três aspetos caricatos ficam para a posteridade: a expulsão de João Neves após um apetitoso puxão de cabelo ao espanhol Cucurella, o estranho e inadmissível soco final de Luis Enrique a João Pedro e uma entrega da taça em que Donald Trump não perdeu a oportunidade despropositada de se mostrar, a ponto de não querer abandonar o palco dos festejos com Infantino e assim se ter deixado ficar por lá, ineditamente, enquanto os jogadores vencedores levantavam o troféu.


O jogo final foi ainda essencial para definir os vencedores dos principais prémios individuais a atribuir, seja na figura do guardião do Chelsea (Robert Sánchez) e do já referido Cole Palmer como homem do campeonato seja na pessoa do jovem Désiré Doué do PSG); Gonzalo García do Real Madrid, praticamente em estreia a titular, sagrou-se surpreendentemente melhor marcador, pese embora o facto de outros três atletas terem igualmente atingido os quatro tentos (Di María, Guirassy e Marcos Leonardo).


Uma referência final, que já começa a ser habitual, acerca da equipa do torneio, com uma hipótese bem sustentada a ser a que abaixo se reproduz. Metendo a minha foice em seara alheia, quero sublinhar alguma discordância quanto aos casos de Thiago Silva (já demasiado veterano e pouco  veloz, apesar de detentor de uma excecional capacidade de colocação) e de Fabián Ruiz e Pedro Neto (aquele seria substituido por Palmer, cedendo este o lado direito do ataque a Doué, que daria o lugar de ponta-de-lança a Ousmane Dembelé e teria Kvaratskhelia na ponta esquerda em vez do português). Ou seja, tudo futebolistas europeus a marcarem a diferença, não obstante diversas boas exibições de jogadores brasileiros alinhando pelo Flamengo, Palmeiras, Fluminense ou Botafogo e mesmo de outros vindos de paragens como a Arábia Saudita (Bono à baliza, por exemplo) ou os Estados Unidos (Messi, em trajetória descendente mas ainda capaz de algumas habilidades de encherem o olho). E, agora sim, acabou a interminável época de 2024/25, precisamente quando a seguinte já está em preparação ou desenvolvimento.

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