Será decerto deformação profissional, mas o certo é que não me consegui assumir “blogger”, mais ou menos regular, sem fazer a minha própria declaração de interesses. Dizer ao que venho a partir de alguns dos temas mais recorrentes da actualidade mas, sobretudo e coincidentemente, mais determinantes na conformação do que são e serão estes “grande mundo” e “pequeno mundo” em que vivemos. Assumo – nova deformação profissional… – o estatuto de observador com lentes de especialista económico e, por muito discutível que assim seja efectivamente, a tendência natural/implícita para considerar a “estrutura económica” como “dominante em última instância”. Dada a natureza da presente conjuntura e dos problemas que colectivamente nos afligem, nada me faz crer que se venham a manifestar grandes vontades de tal debater ou contestar.
Mas “para que servem os economistas?”, alguém perguntava recentemente a propósito da incapacidade revelada para antecipar/prever a crise. Não apenas aceito, “sem apelo nem agravo”, a crítica como lhe acrescento alguns pontos: os da nossa responsabilidade na gestação da crise, da nossa ineficácia a operar na crise e da nossa impotência para encontrar saídas para a crise. E, consciente de que a minha defesa de “classe” só pode escudar-se nas implicações decorrentes do carácter social da ciência em questão, aqui venho declarar também o quanto espero do contributo de outros, especialistas desta e de outras ciências também sociais; para que, nesse “caldo” de pluridisciplinaridade, possamos chegar mais longe na compreensão do que nos rodeia e, se for o caso, numa exploração condigna das respectivas consequências…
Sigo Taleb (“O Cisne Negro”) quando afirma que, quanto mais sabemos, mais extensas são as nossas filas de livros para ler. Ora, quanto mais cresce a minha “anti-biblioteca” (essa colecção de livros não lidos), mais recuso destinos e determinismos! Porque o conhecimento conta, mesmo que o que sabemos sobre a realidade complexa que nos envolve seja muito menos do que o que pensamos que sabemos ou do que o que não sabemos. E, também, porque as convicções existem, as causas valem e o voluntarismo logra.
Estudar, interpretar, relacionar, compreender, debater é, pois, a fórmula incontornável com que continuadamente temos de ir desvendando o “desconhecido” e a mutante fronteira que delimita caminhos viáveis e horizontes inalcançáveis. Só a espaços ou em manifestações circunstanciais essa “análise concreta da situação concreta” consente grelhas metodológicas que pactuem com reducionismos (tipo “as coisas são o que são” ou “o que tem de ser tem muita força”), linearidades (futuro como extrapolação do passado), dogmatismos (divagações ideológico-doutrinárias desligadas da realidade, “Estado a mais”, “falhas de Governo”) ou fulanizações maniqueístas, conspirativas ou de qualquer outra espécie (actores sem carácter ou incompetentes, líderes fracos ou sem visão). Que todavia, como acontece com as bruxas, também operam e podem até justificar alguma atenção pontual.
O problema europeu, para dar um exemplo de actualidade, comporta bons e maus, polícias e ladrões, pobres e ricos, solidários e indiferentes, regulação e desregulação, concorrência e cooperação, livre-câmbio e proteccionismo, esquerda e direita, Estado e mercados, socialismo e capitalismo, “and so on”. Mas não ficará seguramente na história como um qualquer Merkel/Sarkozy/Barroso versus Kohl/Mitterrand/Delors…
Mas “para que servem os economistas?”, alguém perguntava recentemente a propósito da incapacidade revelada para antecipar/prever a crise. Não apenas aceito, “sem apelo nem agravo”, a crítica como lhe acrescento alguns pontos: os da nossa responsabilidade na gestação da crise, da nossa ineficácia a operar na crise e da nossa impotência para encontrar saídas para a crise. E, consciente de que a minha defesa de “classe” só pode escudar-se nas implicações decorrentes do carácter social da ciência em questão, aqui venho declarar também o quanto espero do contributo de outros, especialistas desta e de outras ciências também sociais; para que, nesse “caldo” de pluridisciplinaridade, possamos chegar mais longe na compreensão do que nos rodeia e, se for o caso, numa exploração condigna das respectivas consequências…
Sigo Taleb (“O Cisne Negro”) quando afirma que, quanto mais sabemos, mais extensas são as nossas filas de livros para ler. Ora, quanto mais cresce a minha “anti-biblioteca” (essa colecção de livros não lidos), mais recuso destinos e determinismos! Porque o conhecimento conta, mesmo que o que sabemos sobre a realidade complexa que nos envolve seja muito menos do que o que pensamos que sabemos ou do que o que não sabemos. E, também, porque as convicções existem, as causas valem e o voluntarismo logra.
Estudar, interpretar, relacionar, compreender, debater é, pois, a fórmula incontornável com que continuadamente temos de ir desvendando o “desconhecido” e a mutante fronteira que delimita caminhos viáveis e horizontes inalcançáveis. Só a espaços ou em manifestações circunstanciais essa “análise concreta da situação concreta” consente grelhas metodológicas que pactuem com reducionismos (tipo “as coisas são o que são” ou “o que tem de ser tem muita força”), linearidades (futuro como extrapolação do passado), dogmatismos (divagações ideológico-doutrinárias desligadas da realidade, “Estado a mais”, “falhas de Governo”) ou fulanizações maniqueístas, conspirativas ou de qualquer outra espécie (actores sem carácter ou incompetentes, líderes fracos ou sem visão). Que todavia, como acontece com as bruxas, também operam e podem até justificar alguma atenção pontual.
O problema europeu, para dar um exemplo de actualidade, comporta bons e maus, polícias e ladrões, pobres e ricos, solidários e indiferentes, regulação e desregulação, concorrência e cooperação, livre-câmbio e proteccionismo, esquerda e direita, Estado e mercados, socialismo e capitalismo, “and so on”. Mas não ficará seguramente na história como um qualquer Merkel/Sarkozy/Barroso versus Kohl/Mitterrand/Delors…
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