“Estado fica dono do Europarque com um ‘buraco’ de 30 milhões deixado pela AEP”, escreve-se no “Jornal de Negócios” de hoje 27/10, com chamada de primeira página e assinatura do jornalista Rui Neves (http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=515149). Aqui está um excelente exemplo da “inconsistência institucional” – envolvendo governos, políticos, empresários, gestores, entidades de utilidade pública e outros – que tem vindo a caracterizar o Portugal democrático: dezasseis anos depois de pomposamente inaugurado pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva e pelo então presidente da Associação Industrial Portuense (hoje Associação Empresarial de Portugal, AEP) Ludgero Marques, o projecto – então proclamado “âncora”, “símbolo” e “exemplo” – aí está prestes a integrar o nosso depauperado/engordurado Estado!
Pelo caminho ficaram, no plano do mais público e notório, um forte contributo dos fundos comunitários à construção (sob a égide do então ministro do Planeamento Valente de Oliveira, que desde há anos desempenha funções de administração na AEP), um aval ao financiamento por um sindicato bancário assinado pelo então ministro das Finanças Eduardo Catroga, um mandatário do candidato Cavaco Silva à PR em 1996, pagamentos de juros e renegociações de prazos, tentativas diversas de solução junto de sucessivos Governos (nomeadamente do último Governo Sócrates), um negócio (aliás projecto PIN) de 850 milhões de euros com a multinacional TCN-TramCroNe a abortar entre acusações cruzadas, um novo Presidente da AEP a referir-se ao Europarque como “um disparate e “um flop’”, uma moratória da prestação de Abril e o previsível reconhecimento de incumprimento no final deste mês com as consequências de execução das garantias pela banca e inerente assumpção de responsabilidades pela esfera pública.
Eis uma inesperada ajuda ao “enriquecimento” do património nacional...
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