Na sequência do
simpático convite da Associação dos Urbanistas Portugueses (www.aup.org.pt), estive na Covilhã,
sexta-feira passada, a animar uma sessão do VIII Congresso Ibérico do Urbanismo
dedicada ao tema da economia do (s) território (s) e da sustentabilidade. Trata-se
de um tema que será seguramente uma preocupação recorrente deste blogue, já que
se cruza com o coração da relação público-privado que nos traz à blogosfera. Significativamente,
o tema do congresso apontava para um novo ciclo do urbanismo, alinhando por
isso com o reconhecimento em várias frentes de que nada será como dantes após o
rigor da travessia que nos espera.
Para além de rever
alguns dos profissionais que têm interpelado a minha forma de ver a relação da
economia com o território, fica uma sensação estimulante de ver um conjunto de
profissionais e de universitários animados em reflectir sobre as margens de
manobra do futuro possível e não dominados por uma perspectiva de desistência. Embora
fortemente atingidos pelo ambiente restritivo geral e pela rarefacção do
mercado de consultadoria e de investigação com financiamento público, encontrei
porém um grupo profissional interessado no desenvolvimento de uma prática urbanística
de contenção, de rigor e sobretudo deliberadamente à procura de ferramentas de
planeamento para operacionalizar no terreno os conceitos de sustentabilidade. Utilizando
uma metáfora que dominou a minha própria intervenção, vi profissionais mais interessados
em protagonizar e favorecer uma” retirada estratégica” face ao modelo de
afectação de recursos públicos das duas últimas décadas do que em contribuir
para uma “retirada caótica”, tipo “salve-se quem puder”, a que o corte cego da
despesa pública nos pode conduzir.
A operacionalização
do conceito e de estratégias de sustentabilidade como ferramenta crucial de um
urbanismo de contenção e de compactação dominou uma parte considerável de
intervenções e debates. Entre as várias linhas de debate que foram abertas, há
pelo menos uma que marca na minha perspectiva linhas de orientação a explorar
mais activamente. Embora o pilar social da sustentabilidade tenha de merecer
nas condições concretas da sociedade portuguesa uma atenção inventiva, a
procura de um balanço equilibrado entre condições de emissão e de absorção de
C02 esteve na mira de muitos dos participantes. E o que é mais relevante é que
essa procura vem acompanhada de um urbanismo mais trans-disciplinar e
transversal, diríamos mais holístico sem perder operacionalidade nas ferramentas
que utiliza. Este é seguramente um tema de debate ao qual alguns dos colegas já
registados neste blogue e que ainda não iniciaram as suas hostilidades dedicarão
reflexões futuras. Como matéria que interpela frontalmente a economia será também
por mim revisitada em próximas oportunidades.
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