domingo, 30 de outubro de 2011

URBANISMO E SUSTENTABILIDADE


Na sequência do simpático convite da Associação dos Urbanistas Portugueses (www.aup.org.pt), estive na Covilhã, sexta-feira passada, a animar uma sessão do VIII Congresso Ibérico do Urbanismo dedicada ao tema da economia do (s) território (s) e da sustentabilidade. Trata-se de um tema que será seguramente uma preocupação recorrente deste blogue, já que se cruza com o coração da relação público-privado que nos traz à blogosfera. Significativamente, o tema do congresso apontava para um novo ciclo do urbanismo, alinhando por isso com o reconhecimento em várias frentes de que nada será como dantes após o rigor da travessia que nos espera.
Para além de rever alguns dos profissionais que têm interpelado a minha forma de ver a relação da economia com o território, fica uma sensação estimulante de ver um conjunto de profissionais e de universitários animados em reflectir sobre as margens de manobra do futuro possível e não dominados por uma perspectiva de desistência. Embora fortemente atingidos pelo ambiente restritivo geral e pela rarefacção do mercado de consultadoria e de investigação com financiamento público, encontrei porém um grupo profissional interessado no desenvolvimento de uma prática urbanística de contenção, de rigor e sobretudo deliberadamente à procura de ferramentas de planeamento para operacionalizar no terreno os conceitos de sustentabilidade. Utilizando uma metáfora que dominou a minha própria intervenção, vi profissionais mais interessados em protagonizar e favorecer uma” retirada estratégica” face ao modelo de afectação de recursos públicos das duas últimas décadas do que em contribuir para uma “retirada caótica”, tipo “salve-se quem puder”, a que o corte cego da despesa pública nos pode conduzir.
A operacionalização do conceito e de estratégias de sustentabilidade como ferramenta crucial de um urbanismo de contenção e de compactação dominou uma parte considerável de intervenções e debates. Entre as várias linhas de debate que foram abertas, há pelo menos uma que marca na minha perspectiva linhas de orientação a explorar mais activamente. Embora o pilar social da sustentabilidade tenha de merecer nas condições concretas da sociedade portuguesa uma atenção inventiva, a procura de um balanço equilibrado entre condições de emissão e de absorção de C02 esteve na mira de muitos dos participantes. E o que é mais relevante é que essa procura vem acompanhada de um urbanismo mais trans-disciplinar e transversal, diríamos mais holístico sem perder operacionalidade nas ferramentas que utiliza. Este é seguramente um tema de debate ao qual alguns dos colegas já registados neste blogue e que ainda não iniciaram as suas hostilidades dedicarão reflexões futuras. Como matéria que interpela frontalmente a economia será também por mim revisitada em próximas oportunidades.

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