A rede ECONOMIA COM FUTURO organizou no passado dia 30 de Setembro na Fundação Calouste Gulbenkian uma conferência (http://www.economiacomfuturo.org/pages/conferencia.php) cujos objectivos e âmbito de intervenção se cruzam com os deste blogue. A rede interpela os rumos da teoria económica e da própria formação em economia do ponto de vista da sua incapacidade de compreender a Grande Recessão de 2008/09 e sobretudo das suas consequências para a economia mundial, europeia e fenómenos com ela associados como o da crise das dívidas soberanas. Terei oportunidade de desenvolver neste espaço algumas das ideias que apresentei nessa conferência no âmbito de um paper que para ela preparei expressamente (“Mudança estrutural e coesão social: elementos para um futuro da economia portuguesa”). No painel Portugal por dentro procurei mostrar em que medida o domínio da coesão social deve estar no centro de qualquer reformulação do modelo de crescimento (desenvolvimento) da economia portuguesa, tendo em conta a reduzida margem de manobra que os níveis actuais (baixos) de coesão social oferecem a qualquer transformação da economia portuguesa.
Haveremos de voltar a esta questão. Por agora, limito-me a convergir com a reflexão conduzida pela rede ECONOMIA COM FUTURO de que também sou subscritor, sobretudo na medida em que a perda de pluralidade da ciência económica e a sua desvalorização como ciência social contribuem por via da política económica de orientação única para um afunilamento do processo democrático.
Do debate realizado sublinho, por agora, algumas ideias para desenvolvimento futuro:
· É necessário avaliar com rigor o que significa a forte audiência que a Conferência atingiu (auditório 2 da Gulbenkian repleto);
· Frustração relativa do debate em torno do tema Portugal no Mundo, com mensagem já conhecida de Luís Portela (projecto BIAL) e quase nula reflexão crítica sobre os rumos da globalização dos diplomatas de serviço (Seixas da Costa e João Gomes Cravinho);
· Carácter central do que o debate Portugal na Europa poderia ter constituído: proposta com autoridade moral do Professor João Ferreira Amaral para um novo regime monetário pós EURO na União Europeia e intervenções consequentes de Ricardo Mamede e Francisco Louçã. Neste ponto, vieram à tona temas que interessam a este blogue: (i) um regime pós-euro significará necessariamente uma nova União Europeia e neste domínio o vazio de ideias é preocupante; (ii) desvalorização “one-shot” versus revalorização do crédito às empresas como factor de crescimento económico. Voltaremos a estas questões.
Sem comentários:
Enviar um comentário