(ilustração de Peter Schrank em
“The Economist”)
É já hoje a segunda parte da tal Cimeira dita decisiva para o futuro do Euro e talvez da própria União Europeia. O “Financial Times”, que de há meses/anos tem vindo a posicionar-se activa e profissionalmente sobre a matéria, acaba de voltar a oferecer-nos uma ilustração de jornalismo económico de alta qualidade. Sintetizo em dois parágrafos.
Há dois dias, Wolfgang Munchau (http://www.ft.com/intl/cms/s/0/d89b0c32-fb51-11e0-8df6-00144feab49a.html) avisava que “Europe is now leveraging for a catastrophe”, preparando-nos para “o impensável” (“uma significativa probabilidade de que o euro não sobreviva na sua corrente forma”), para as possíveis consequências nefastas que decorrerão do acordo que os líderes europeus muito provavelmente alcançarão (sobretudo, “uma Facilidade Europeia de Estabilidade Financeira alavancada”) e para a aproximação de um “ponto de bifurcação” (a poucas semanas ou meses de vista) entre um colapso do euro ou a alternativa de os países se resignarem a massivas transferências formais de soberania.
Horas atrás, Martin Wolf (http://www.ft.com/intl/cms/s/0/bd60ab78-fe6e-11e0-bac4-00144feabdc0.html) assinava uma Carta-Aberta ao novo Presidente do Banco Central Europeu (“Be bold, Mr Draghi, put out that fire”) apelando a uma opção pelo BCE em favor de uma salvação da Zona Euro (mesmo que desagradando aos falcões ortodoxos), valorizando os contributos teóricos de Paul De Grauwe (especialmente quanto ao desejável papel do BCE na crise), sublinhando que só o BCE conjuga responsabilidade institucional e poder efectivo para agir e terminando prosaicamente incentivador (“a sorte protege os audazes”).
Mais logo, algo virá certamente de Bruxelas via Berlim. Mas, “technicalities” à parte, tudo indica que irá continuar a ser esticada a “corda” de um tempo que não é infinitamente elástico. Enquanto os mais crentes perguntarão, ainda, se e quando uma qualquer lucidez europeia se irá fazer ouvir, os menos crentes perguntarão, tão-só, que peças do puzzle germânico estarão ainda em falta para que a “Europa alemã” (ver meu post de 14 de Outubro) dê definitivamente à costa…
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