domingo, 30 de outubro de 2011

A 8ª de MAHLER E A AUTO-ESTIMA REGIONAL


Não tenho nem cultura nem formação musical que me permita escrever criticamente sobre a apresentação na Casa da Música da 8ª Sinfonia de Mahler pela Orquestra Sinfónica do Porto, ontem, sábado (29 de Outubro) e o que pode ter representado como performance musical de uma obra profundamente tocante.
Mas independentemente da qualidade intrínseca dessa prestação (vejam as críticas se elas aparecerem), dificilmente poder-se-ia ficar indiferente ao que o espectáculo pode ter representado do ponto de vista da afirmação nacional do projecto Orquestra Sinfónica do Porto. Pelo número de elementos que a 8ª implica (número de coros, solistas, intérpretes, complexidade, imagino, da direcção) e pelo aparato que representa num palco com as características do da Casa da Música, trata-se de um concerto que deixa marcas no colectivo a que ele assiste. A Casa da Música foi certamente um projecto controverso sobretudo na sua maturação. Mas o que tem derivado da sua prática já está muito para além dessa controvérsia. O projecto Orquestra Sinfónica do Porto está nessa linha e respira confiança à medida que as mais duras provas são suplantadas. Internacionalismo cosmopolita quanto baste na sua composição, capacidade de organização, reconhecimento visível por via de quem tem actuado neste espaço, o projecto ilustra bem o que o Porto (Norte) pode ser no contexto nacional. Por isso, por mera intuição e sem ter discutido esta ideia com nenhum dos presentes no evento, estou em crer que a auto-estima do colectivo presente foi significativamente estimulada. Quem diria que o intimismo quase divino de Mahler poderia ser um factor de auto-estima regional.

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