Não tenho nem
cultura nem formação musical que me permita escrever criticamente sobre a
apresentação na Casa da Música da 8ª Sinfonia de Mahler pela Orquestra Sinfónica
do Porto, ontem, sábado (29 de Outubro) e o que pode ter representado como performance
musical de uma obra profundamente tocante.
Mas
independentemente da qualidade intrínseca dessa prestação (vejam as críticas se
elas aparecerem), dificilmente poder-se-ia ficar indiferente ao que o espectáculo
pode ter representado do ponto de vista da afirmação nacional do projecto
Orquestra Sinfónica do Porto. Pelo número de elementos que a 8ª implica (número
de coros, solistas, intérpretes, complexidade, imagino, da direcção) e pelo
aparato que representa num palco com as características do da Casa da Música,
trata-se de um concerto que deixa marcas no colectivo a que ele assiste. A Casa
da Música foi certamente um projecto controverso sobretudo na sua maturação. Mas
o que tem derivado da sua prática já está muito para além dessa controvérsia. O
projecto Orquestra Sinfónica do Porto está nessa linha e respira confiança à
medida que as mais duras provas são suplantadas. Internacionalismo cosmopolita quanto
baste na sua composição, capacidade de organização, reconhecimento visível por
via de quem tem actuado neste espaço, o projecto ilustra bem o que o Porto
(Norte) pode ser no contexto nacional. Por isso, por mera intuição e sem ter discutido
esta ideia com nenhum dos presentes no evento, estou em crer que a auto-estima
do colectivo presente foi significativamente estimulada. Quem diria que o
intimismo quase divino de Mahler poderia ser um factor de auto-estima regional.
Achei a correlação brilhante.
ResponderEliminar