quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A ALEMANHA QUE SE CUIDE


Pelos últimos dados conhecidos, a economia alemã evidencia sinais evidentes de desaceleração, com valores de exportação no segundo trimestre do presente ano abaixo do esperado e um comportamento da produção industrial que anuncia a desaceleração futura do PIB alemão.
A situação poderia não ser particularmente preocupante se a procura interna na economia alemã estivesse a desempenhar o seu papel de fator balanceador, mas o consumo interno parece dar mostra de parcimónia extrema, aliás na sequência das hesitações reflacionistas (de relançamento de procura) que a política económica alemã tem prosseguido.
Por outras palavras, com uma França titubeante e com um problema que a dupla Hollande – PS tem de atacar no curto prazo, a zona euro não dispõe neste momento de qualquer motor de aceleração do crescimento económico. Está, assim, enredada na teia que ela (zona euro) própria criou, não dispondo presentemente de qualquer mecanismo de estabilização natural que sustenha o clima recessivo que globalmente domina a zona euro.
Continua a ignorar-se que a União Europeia e a zona euro como sub-conjunto têm a sua dinâmica exportadora fortemente ligada ao espaço europeu entendido como um todo, apesar dos esforços de diversificação de mercados extra-zona euro que economias como Portugal e a Holanda estão com êxito a concretizar. Mesmo a inexpugnável Alemanha (ver gráfico acima) continua a manter um nexo forte de ligação ao mercado europeu (ligeiramente mais de 40% do total das suas exportações destina-se à zona euro).
Nestas condições, o absurdo está instalado.
Por um lado, o apelo insistente que é realizado sobre economias como Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia para que reforcem a aposta na exportação encontra pela frente um muro definhado – a queda do próprio mercado interno da zona euro.
Por outro, o absurdo estende-se à própria economia alemã que vai acabar por refletir o empobrecimento e rarefação do mercado interno das restantes economias da zona euro, rebaixando a dinâmica de pelo menos 40% das suas exportações.
E, fora deste contexto, o Reino Unido vê com alguma estupefação interna que, apesar dos Jogos Olímpicos, a sua economia permanecerá, na melhor das hipóteses, estagnada no presente ano. Aliás, os britânicos terão muito que explicar em torno do seu grande evento: com todas as preocupações, muito “british”, de evitar congestionamentos, parece que têm a cidade e o seu parque hoteleiro e de restauração às moscas, o que é obra. A dupla Cameron-Osborne precisa de ir à bruxa.

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