Pelos últimos dados conhecidos, a economia alemã
evidencia sinais evidentes de desaceleração, com valores de exportação no
segundo trimestre do presente ano abaixo do esperado e um comportamento da produção
industrial que anuncia a desaceleração futura do PIB alemão.
A situação poderia não ser particularmente preocupante se
a procura interna na economia alemã estivesse a desempenhar o seu papel de
fator balanceador, mas o consumo interno parece dar mostra de parcimónia
extrema, aliás na sequência das hesitações reflacionistas (de relançamento de
procura) que a política económica alemã tem prosseguido.
Por outras palavras, com uma França titubeante e com um
problema que a dupla Hollande – PS tem de atacar no curto prazo, a zona euro não
dispõe neste momento de qualquer motor de aceleração do crescimento económico. Está,
assim, enredada na teia que ela (zona euro) própria criou, não dispondo
presentemente de qualquer mecanismo de estabilização natural que sustenha o
clima recessivo que globalmente domina a zona euro.
Continua a ignorar-se que a União Europeia e a zona euro
como sub-conjunto têm a sua dinâmica exportadora fortemente ligada ao espaço
europeu entendido como um todo, apesar dos esforços de diversificação de
mercados extra-zona euro que economias como Portugal e a Holanda estão com êxito
a concretizar. Mesmo a inexpugnável Alemanha (ver gráfico acima) continua a
manter um nexo forte de ligação ao mercado europeu (ligeiramente mais de 40% do
total das suas exportações destina-se à zona euro).
Nestas condições, o absurdo está instalado.
Por um lado, o apelo insistente que é realizado sobre
economias como Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia para que reforcem a aposta
na exportação encontra pela frente um muro definhado – a queda do próprio
mercado interno da zona euro.
Por outro, o absurdo estende-se à própria economia alemã
que vai acabar por refletir o empobrecimento e rarefação do mercado interno das
restantes economias da zona euro, rebaixando a dinâmica de pelo menos 40% das
suas exportações.
E, fora deste contexto, o Reino Unido vê com alguma estupefação
interna que, apesar dos Jogos Olímpicos, a sua economia permanecerá, na melhor
das hipóteses, estagnada no presente ano. Aliás, os britânicos terão muito que
explicar em torno do seu grande evento: com todas as preocupações, muito “british”, de evitar congestionamentos,
parece que têm a cidade e o seu parque hoteleiro e de restauração às moscas, o
que é obra. A dupla Cameron-Osborne precisa de ir à bruxa.
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