quinta-feira, 2 de agosto de 2012

SIMPLESMENTE BARALHAR E DAR DE NOVO


A reunião do BCE de hoje pode ser caracterizada pelo aforismo “entrada de leão, saída de sendeiro”. Depois da afirmação convincente da defesa a todo o custo da irreversibilidade do euro, a reunião de hoje não produziu nada de convincente, apenas as já conhecidas posições de não incomodar as posições alemãs: consolidação fiscal, reforma estrutural e determinação no aprofundamento institucional do projeto europeu.
Mas o que emerge largamente partilhado pela grande maioria dos observadores e analistas é a perceção de que a intervenção esperada para acalmar a pressão sobre as taxas de juro espanholas e italianas exigirá o pedido de resgate formal por parte destas economias. O que significa baralhar e dar de novo.
Todas as suspeições são possíveis para explicar o aparente recuo entre uma tomada de posição decidida e clara e uma outra desprovida de orientação definida. Draghi terá sido apertado, imagine-se por quem e daí o ter reconhecido publicamente as reservas do banco central alemão às operações de compra de títulos de dívida soberana. A pescadinha de rabo na boca está formada: ajuda sim, mas com pedido de resgate aos Mecanismos Europeus de Estabilidade Financeira mas nada se perfila em matéria de reforço destes fundos. Por isso, tudo na mesma
A guerra de nervos continua ou, como o Financial Times referia, “Draghi procura um caminho através de um campo de minas”. Provavelmente uma delas rebentará.

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