A reunião do BCE de hoje pode ser caracterizada pelo
aforismo “entrada de leão, saída de sendeiro”. Depois da afirmação convincente
da defesa a todo o custo da irreversibilidade do euro, a reunião de hoje não
produziu nada de convincente, apenas as já conhecidas posições de não incomodar
as posições alemãs: consolidação fiscal, reforma estrutural e determinação no
aprofundamento institucional do projeto europeu.
Mas o que emerge largamente partilhado pela grande
maioria dos observadores e analistas é a perceção de que a intervenção esperada
para acalmar a pressão sobre as taxas de juro espanholas e italianas exigirá o
pedido de resgate formal por parte destas economias. O que significa baralhar e
dar de novo.
Todas as suspeições são possíveis para explicar o
aparente recuo entre uma tomada de posição decidida e clara e uma outra
desprovida de orientação definida. Draghi terá sido apertado, imagine-se por
quem e daí o ter reconhecido publicamente as reservas do banco central alemão às
operações de compra de títulos de dívida soberana. A pescadinha de rabo na boca
está formada: ajuda sim, mas com pedido de resgate aos Mecanismos Europeus de
Estabilidade Financeira mas nada se perfila em matéria de reforço destes
fundos. Por isso, tudo na mesma
A guerra de nervos continua ou, como o Financial Times
referia, “Draghi procura um caminho através de um campo de minas”. Provavelmente
uma delas rebentará.
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