A América Latina continua a ser a mais fiel origem de músicos
e intérpretes fortemente identificados com o que convencionamos designar de
povo. Identificados no sentido de terem capacidade de expressar por via artística
as suas dificuldades do dia-a-dia, a tristeza da pobreza, os temores, as
esperanças, exemplarmente retratados na “desolação e dor” das suas rancheiras.
Costa-riquenha de nascimento, mexicana e “rancheira” por
adoção, Chavela Vargas chegou tardiamente ao meu conhecimento via Pedro
Almodovar que frequentemente incluía a sua música nos seus filmes. “Piensa en mí” de Tacones Lejanos, na versão da enorme Luz Casal, dificilmente poderá ser
ouvida sem que façamos a ligação ao filme, mas a vale a pena tentar, agora que
Chavela aos 93 nos deixou. Pedro Almodovar concedeu-lhe um adeus vulcão, no texto em que se despede da sua cúmplice amiga.
Estamos com Jordi Soler do El País quando escreve que “No hay otra manera
de homenajear a Chavela Vargas que poner uno de sus discos y beberse un tequila”.
Beba-se então uma tequila e escute-se “El ultimo trago”.
Sem comentários:
Enviar um comentário