A imagem acima, que capta um instante de um malabarista
algures no universo do You Tube, procura simbolizar mais uma metáfora entre muitas
que têm passado por este blogue sobre as crises da Europa.
A metáfora do “malabarista com pratos chineses” chegou-me
através de um artigo do filósofo radical esloveno Slavoj Zizek, publicado no LeMonde no âmbito de um debate alargado que o jornal tem vindo a acolher sobre a
(s) crise(s) europeia (s). A ideia não é de Zizek mas de um jornalista da CNN que
não consegui identificar.
Os artistas da União Europeia (mas que artistas e um
deles é um artista português) procuram assegurar que os pratos se mantenham em
movimento, mais ou menos equilibrados, num número em que os pratos aumentam
incessantemente, tais como Grécia, bancos espanhóis, avanços e recuos na
mutualização da dívida, posições alemãs e outros que se sucederão nesta
vertigem de fuga para a frente.
O artigo de Zizek visa, em última instância, discutir a
emergência do Syriza como força política em ascensão na Grécia, o que não é o
objeto deste contributo. Como sabem, estou cético em relação ao poder de
mudança que o Syriza representa, não em termos de discurso, mas em termos de
soluções de governação e o meu conhecimento da situação grega é deficiente.
A parte mais sugestiva do artigo de Zizek é a sua
comparação das medidas impostas à Grécia como uma modalidade psicanalítica do “Surmoi”,
uma espécie de bombardeamento sistemático e punitivo do sujeito com exigências impossíveis
de satisfazer, tendendo a internalizar o complexo de culpa pelo insucesso.
Mantendo a metáfora, emerge cada vez mais clara a divisão
entre os que tendem a alimentar a manutenção do equilíbrio dos pratos, embora
perdendo o sentido do exercício e os que começam a desejar avidamente que um ou
dois pratos se partam.
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