A afirmação de Mário Draghi de que está disposto a fazer
o que for necessário para preservar o euro, embora não tenha sido explícito
sobre as modalidades de intervenção do BCE que estarão em cima da mesa, está a
provocar uma onda de interpretações sobre o significado último daquela afirmação.
As interpretações mais bondosas, como por exemplo a do economista Charles Wyplosz, tendem a considerar que, apesar das posições alemãs,
estará eminente finalmente uma posição do BCE como emprestador de última instância
aos governos, embora tomando medidas para evitar as derivas de risco moral. A
sua posição de exigência de que os governos de Espanha e Itália se comprometam
com pedidos de resgate junto do Mecanismo Europeu de Estabilidade parece ir
nesse sentido. O suporte da dívida pública dos governos seria concedido com
contrapartidas de enquadramento severo da ação dos governos. Draghi
preparar-se-ia para contornar as posições alemãs sob o argumento de que os prémios
excessivos que pesam sobre as dívidas espanhola e italiana inibem o exercício
da política monetária, sendo necessário restaurar a eficácia desta última.
Outras interpretações têm sido avançadas em torno da
afirmação de Draghi segundo a qual seriam aplicadas medidas não convencionais,
ou seja, depreende-se, medidas até agora não utilizadas.
Analistas da Goldman Sachs têm referido que o BCE se
prepara agora para apoiar o setor privado não financeiro, persistindo assim na
sua relutância de apoiar os governos e respaldar as suas dívidas públicas. Ou
seja, preparar-se-ia para alargar ao setor privado as conhecidas LRTO (operações
de financiamento a longo prazo) de que a banca beneficiou nos meses de Dezembro
de 2011 e Fevereiro de 2012, adquirindo títulos privados ou atuando através dos
bancos centrais para reforçar o crédito ao setor empresarial.
A Goldman Sachs tem nestas matérias informação privilegiada.
Não me admiraria , por isso, que os seus analistas estivessem mais perto da
verdade.
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