sábado, 4 de agosto de 2012

O ORÁCULO DE DRAGHI


A afirmação de Mário Draghi de que está disposto a fazer o que for necessário para preservar o euro, embora não tenha sido explícito sobre as modalidades de intervenção do BCE que estarão em cima da mesa, está a provocar uma onda de interpretações sobre o significado último daquela afirmação.
As interpretações mais bondosas, como por exemplo a do economista Charles Wyplosz, tendem a considerar que, apesar das posições alemãs, estará eminente finalmente uma posição do BCE como emprestador de última instância aos governos, embora tomando medidas para evitar as derivas de risco moral. A sua posição de exigência de que os governos de Espanha e Itália se comprometam com pedidos de resgate junto do Mecanismo Europeu de Estabilidade parece ir nesse sentido. O suporte da dívida pública dos governos seria concedido com contrapartidas de enquadramento severo da ação dos governos. Draghi preparar-se-ia para contornar as posições alemãs sob o argumento de que os prémios excessivos que pesam sobre as dívidas espanhola e italiana inibem o exercício da política monetária, sendo necessário restaurar a eficácia desta última.
Outras interpretações têm sido avançadas em torno da afirmação de Draghi segundo a qual seriam aplicadas medidas não convencionais, ou seja, depreende-se, medidas até agora não utilizadas.
Analistas da Goldman Sachs têm referido que o BCE se prepara agora para apoiar o setor privado não financeiro, persistindo assim na sua relutância de apoiar os governos e respaldar as suas dívidas públicas. Ou seja, preparar-se-ia para alargar ao setor privado as conhecidas LRTO (operações de financiamento a longo prazo) de que a banca beneficiou nos meses de Dezembro de 2011 e Fevereiro de 2012, adquirindo títulos privados ou atuando através dos bancos centrais para reforçar o crédito ao setor empresarial.
A Goldman Sachs tem nestas matérias informação privilegiada. Não me admiraria , por isso, que os seus analistas estivessem mais perto da verdade.

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