O racional económico surge claramente nos gráficos acima, designadamente no segundo que é relativo às quotas de mercado europeu detidas pelas principais marcas em presença e evidencia indiscutivelmente o crescente peso detido pelas marcas chinesas (que em cinco anos passaram da quase ausência a mais de 10%). Mas o que aqui me parece relevar é menos isso do que três outras questões conexas: (i) a decisão tomada pelas autoridades europeias no sentido de uma imposição de novas tarifas alfandegárias até 35,3% (a somar aos 10% já em vigor) aos produtores chineses de veículos elétricos; (ii) o facto de tal decisão ter resultado de uma votação muito dividida entre os Estados-membros e maioritariamente abstencionista (as aprovações vieram da Alemanha, cujo poderoso setor automóvel exerceu uma forte pressão contra os direitos, e dos seus mais marcantes apêndices na matéria, Eslováquia, Hungria e Eslovénia), assim determinando que a Comissão (e Ursula von der Leyen, em particular) tenha conseguido fazer vingar a sua proposta e sinalizado mais uma manifestação da tendência em curso no sentido de um poder absoluto da presidente, agora no contexto de uma defesa dos interesses alemães e de um endurecimento da estratégia da União relativamente à China; (iii) uma retaliação chinesa que já foi anunciada e dará certamente lugar a uma escalada de guerra comercial que só duvidosamente favorecerá os interesses europeus. Mas não será esta mais uma demonstração visível de que essencialmente não há interesses europeus (antes apenas nacionais) e, portanto, de que a velha política comercial externa dita única não passa de mais um equívoco que disfarça mal a falta de unidade de um bloco que navega ao sabor das conjunturas políticas e pessoais que se lhe vão impondo?
Sem comentários:
Enviar um comentário