(Já por repetidas vezes expressei a minha incomodidade quando contemplo algumas personalidades que procuram uma espécie de elixir da juventude eterna, sujeitando-se a comportamentos ridículos e bizarros. Talvez tenha exagerado demasiado no tempo a minha antecipação de ser velho. De facto, muito cedo a palavra velho entrou no meu vocabulário dos lamentos diários. Mas, apesar disso, o continuar a trabalhar e o regresso à prática desportiva (sim sou daquele grupo inveterado para o qual desporto é bola, não interessa o tamanho, nem que fosse uma simples bola de papel com a qual animávamos os nossos intervalos de aulas no Rodrigues de Freitas, em que o Luís Saraiva era o Amigo da turma para essas grandes partidas. O voleibol naturalmente já lá vai e o ténis tem sido fator de apego ao exercício. Como referi aqui há algum tempo, tomei a decisão de regressar à competição, sempre com aquele critério de que jogas até não fazer má figura. É óbvio que ronha competitiva foi coisa que nunca tive e por isso até readquirir potencial competitivo vai demorar algum tempo, mas, repito, enquanto o critério de não fazer figuras tristes puder ser aplicado, o tempo vai passando. Todo este arrazoado apenas para justificar que rumei ao Algarve com a Companheira para participar no Campeonato Nacional de Veteranos de vários escalões, masculinos e femininos, do qual tinha tido boas referências, mas em que nunca me atrevera participar.)
O Campeonato Nacional de Veteranos é uma excelente realização da Federação Portuguesa de Ténis que movimenta mais de 300 pessoas do escalão dos mais de 35 até ao meu escalão dos mais de 75 anos, masculinos e femininos, em franca progressão, tendo este ano ultrapassado os 320 participantes com mais um recorde de afluência. Distribuído pelos clubes de ténis de Vilamoura e de Vale do Lobo, este de grande categoria, a iniciativa impressiona pelo número de jogos singulares e pares que é possível mobilizar. O jantar de hoje de confraternização convivial é um momento intermédio já tradicional que permite compreender a força do evento e o conjunto de redes interpessoais que tem vindo a criar entre os participantes. Esta semana de fins de setembro e de início de outubro até ao feriado de 5 emerge já como uma iniciativa que está no calendário dos praticantes e assim será com o meu caso, isto se os joelhos, músculos ou outra qualquer engrenagem não me pregar uma partida.
Em busca de pontos para uma melhoria no ranking nacional, apareceram oito generosas almas com mais de 75 anos, uns melhor fisicamente do que outros, mas estes últimos regra geral com mais ronha competitiva. Este vosso Amigo esteve quase a fazer um brilharete de estreia, que lhe poderia ter valido 200 pontos e uma subida significativa no ranking nacional. Fiquei-me por uma partida renhidíssima 6-4 e 7-5 com vários momentos de superioridade no jogo que me deram a ilusão de vitória. Mas a falta de ronha competitiva tem de ser trabalhada. Fisicamente senti-me ótimo e aguentando quase duas horas de jogo quando a minha rotina de treino semanal não passa de dois jogos de uma hora cada, o que me fez pensar que para o ano pode ser diferente.
Até lá, sem entrar no ridículo bizarro do elixir eterno, há tempo para ir retomando a ilusão de que não sou velho, até que o braço direito não atraiçoe a tecnologia da raquete e os joelhos continuem a permitir movimentação e diferentes alturas de bola. O espírito de autocensura continua em alto, por isso o critério do não fazer tristes figuras continua a ter perfeita aplicação.
Até um dia …
Vilamoura, sem a ocupação de agosto e setembro, dá para ser considerada um espaço aprazível e este tempo algarvio desafia qualquer um a regressar ao ponto de partida.
Cá estarei para o ano, seguramente com mais ronha competitiva.
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