segunda-feira, 21 de outubro de 2024

JE NE REGRETTE RIEN…

Por razões já abundantemente afloradas neste espaço, sou naturalmente suspeito quando se trata de Paris, no caso de mais um regresso àquela que considero ser a minha segunda cidade de vida. É que, como diria a outro propósito o Rui Veloso, “é sempre a primeira vez...”. Também como de costume a agenda esteve por demais carregada e não deixou um mínimo de disponibilidade para blogar, o que faço hoje a partir de Estrasburgo e de um contexto bem menos pesado em termos ocupacionais.

 

Em Paris, fui flâneur sem rumo mas não deixei de dar as voltas obrigatórias (Place des Vosges e Marais à cabeça, além dos recantos de Montmartre), matei saudades numa “Maison du Portugal” bastante melhorada e tive as conversas que previra (Enrico Letta e Pervenche Bérès), visitei um local em falta (a Fundação Louis Vuitton e a obra-prima ali arquitetada por Frank Gehri, aproveitando ainda para percorrer a exposição “Pop Forever” de Tom Wesselmann&...), assisti a um belo concerto clássico na Igreja de Saint-Paul Saint Louis e ainda consegui ir ver Jackson Pollock (“Les Premières Années, 1934-1947”) no Museu Picasso (onde também não dispensei uma nova digressão, com perspetivas sempre renovadas, pela exposição permanente do mestre franco-espanhol).

 

Uma dimensão que recuso evitar é a das livrarias, mesmo reconhecendo que os livros custam a carregar e nos chegam cada vez mais por outras vias e, ainda, que a oferta editorial especializada em língua francesa perdeu claramente parte do seu espaço de atração. Não obstante, lá encontrei algumas novidades irrecusáveis, como sejam a nova pequena obra (“Les Nouvelles Règles du Jeu”) do Jean Pisany-Ferry (com o ex-ministro grego das Finanças, George Papaconstantinou), o ponto de situação do CEPII sobre a economia mundial (“L’Économie Mondiale 2025”) e a recente e algo estranha incursão de Michel Aglietta (aos 86 anos!) pela “ecologia política”, fazendo regressar fantasmas teóricos afinal não afastados (“Pour une Écologie Politique – au delà du Capitalocène”) na companhia de Étienne Espagne. E ainda guardo algum tempinho e a necessária abertura para uma eventual ida exploratória à Kléber alsaciana com o meu amigo Jack Hanning...




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