Por razões já abundantemente afloradas neste espaço, sou naturalmente suspeito quando se trata de Paris, no caso de mais um regresso àquela que considero ser a minha segunda cidade de vida. É que, como diria a outro propósito o Rui Veloso, “é sempre a primeira vez...”. Também como de costume a agenda esteve por demais carregada e não deixou um mínimo de disponibilidade para blogar, o que faço hoje a partir de Estrasburgo e de um contexto bem menos pesado em termos ocupacionais.
Em Paris, fui flâneur sem rumo mas não deixei de dar as voltas obrigatórias (Place des Vosges e Marais à cabeça, além dos recantos de Montmartre), matei saudades numa “Maison du Portugal” bastante melhorada e tive as conversas que previra (Enrico Letta e Pervenche Bérès), visitei um local em falta (a Fundação Louis Vuitton e a obra-prima ali arquitetada por Frank Gehri, aproveitando ainda para percorrer a exposição “Pop Forever” de Tom Wesselmann&...), assisti a um belo concerto clássico na Igreja de Saint-Paul Saint Louis e ainda consegui ir ver Jackson Pollock (“Les Premières Années, 1934-1947”) no Museu Picasso (onde também não dispensei uma nova digressão, com perspetivas sempre renovadas, pela exposição permanente do mestre franco-espanhol).
Uma dimensão que recuso evitar é a das livrarias, mesmo reconhecendo que os livros custam a carregar e nos chegam cada vez mais por outras vias e, ainda, que a oferta editorial especializada em língua francesa perdeu claramente parte do seu espaço de atração. Não obstante, lá encontrei algumas novidades irrecusáveis, como sejam a nova pequena obra (“Les Nouvelles Règles du Jeu”) do Jean Pisany-Ferry (com o ex-ministro grego das Finanças, George Papaconstantinou), o ponto de situação do CEPII sobre a economia mundial (“L’Économie Mondiale 2025”) e a recente e algo estranha incursão de Michel Aglietta (aos 86 anos!) pela “ecologia política”, fazendo regressar fantasmas teóricos afinal não afastados (“Pour une Écologie Politique – au delà du Capitalocène”) na companhia de Étienne Espagne. E ainda guardo algum tempinho e a necessária abertura para uma eventual ida exploratória à Kléber alsaciana com o meu amigo Jack Hanning...
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