quinta-feira, 14 de novembro de 2024

DA CONFIRMAÇÃO DE MARIA LUÍS


A data da audição foi má, quer porque quase coincidiu com as eleições americanas quer porque me apanhou em sobreocupações diversas. Mas entretanto pude recolher impressões de variadas origens sobre o hearing da comissária indigitada para a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e Investimento (Maria Luís Albuquerque, MLA) no Parlamento Europeu e o saldo, mais do que o resultado propriamente dito de aprovação conseguida, foi claramente positivo. MLA esteve bem pela presença que revelou e pelo conhecimento dos dossiês que demonstrou, ao que acrescentou uma visível habilidade para contornar acusações relativas ao seu currículo profissional e político, para evitar conflitos de posicionamento ideológico-político e para afirmar convictamente entendimentos de aceitação generalizada – um bom exemplo esteve no modo frontal, e até revisionista, como se referiu à crise das dívidas soberanas (“foi a desregulação que originou a crise financeira”), tal como foi positivamente recebido o seu compromisso no sentido de trabalhar para concluir a arquitetura da União Bancária e da União de Mercados de Capitais e para construir uma nova União da Poupança e Investimento. Assunto praticamente arrumado, pois, o da comissária portuguesa no período 2024/29, restando desejar-lhe que tenha empenho e energia bastantes para concretizar muito do que programaticamente explicitou.


Importará ainda aproveitar este post para lamentar que o último dia de audições, onde pontuavam os nomes mais controversos da socialista espanhola Teresa Rivera e do conservador e reformista italiano Raffaele Fitto, tenha sido manchado por razões de política interna de Espanha. Embora não se esperem grandes sobressaltos na nomeação de Rivera, o certo é que a mesma não ocorreu no momento em que estava previsto e aconteceu até que ficaram no ar algumas ameaças (Feijóo foi perentório nesse sentido) de uma eventual rejeição do seu nome. Veremos o que nos reservam os próximos dias e se nada virá a impedir atrasos na entrada em funções da nova Comissão, a já chamada “von der Leyen 2.0” por verdadeiramente se traduzir em mudanças de monta nas suas orientações estratégicas.

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