Não conheço de todo o presidente da Câmara de Loures e presidente da FAUL do Partido Socialista, Ricardo Leão de seu nome. É com independência que recorro, pois, às suas declarações, na reunião pública camarária, defendendo um despejo “sem dó nem piedade” de inquilinos de habitações municipais que tenham participado nos distúrbios ocorridos na AML – “é óbvio que eu não quero que um criminoso que tenha participado nestes acontecimentos, se for ele o titular do contrato de arrendamento é para acabar e é para despejar, ponto final parágrafo" –, na sequência de um voto soclalista (e, já agora, também social-democrata) favorável a uma proposta da iniciativa do “Chega” nesse sentido.
Seja pela manifesta irresponsabilidade política revelada pelas estruturas lourenses do PS ou pelo silêncio ensurdecedor da sua Direção nacional, o que está em causa é, a meu ver, a evidência de um definhamento de um partido que foi fundador da Democracia e o seu agente mais representativo. Uma evolução declinante que tem vindo a ocorrer paulatinamente ao longo das décadas, sempre sem grandes sinais de reabilitação (ou esforço nesse sentido) que não tenham sido os “Estados Gerais” organizados no tempo de Guterres (já lá vão mais de trinta anos!). Atente-se no descrédito do aparelho partidário e na usura dos seus principais rostos, nas trapalhadas politiqueiras permanentes, no crescente convencimento de que a principal serventia do partido está nos empregos que torna acessíveis e nas tramas em torno dos jobs for the boys, na completa ausência de formação séria de quadros e de disponibilidade para um debate interno aberto e sincero, na mediocridade interventiva e na rebeldia desaparecida da Juventude Socialista, ao que acrescem ainda os vícios da liderança de Pedro Nuno Santos (proclamada como rejuvenescedora mas mais visivelmente apenas dogmática em termos etários).
Já há muito que o sabíamos, designadamente através dos dados relativos à expressão da atratividade eleitoral e geral do PS junto dos jovens, mas a última sondagem publicada (UCP/Público) reafirma-o em moldes que só não afligirão responsáveis desatentos ou autistas: os inquiridos entre os 18 e os 34 anos dispostos a votar PS são apenas 7% (12% em julho), ascendendo essa percentagem a somente 20% na faixa dos 35 aos 64 anos. Um partido de idosos, e de algum modo apenas capaz de mobilizar em defesa do status quo, eis a síntese que mais rigorosamente corresponde ao imobilista PS que temos! Onde param os ideias da dita social-democrata moderna? E que foi feito dos prometidos novos Estados Gerais?
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