Não podia haver um
ambiente mais descoroçoante do que aquele que se tem vivido em pleno arranque
da cimeira europeia de hoje. Mário Draghi (BCE) tratou de, preto no branco,
confirmar que pode intervir mas segundo a via mais tradicional, isto é, no
fundo, reafirmando que não está disposto a largar a protecção da ortodoxia
monetária que inspira a instituição. Descida de taxa de juro, mais diversidade
de acções de auxílio à banca europeia, aceitando novas modalidades de garantias
colaterais aceitáveis, descida de rácios de depósitos nos bancos centrais
nacionais, são exemplos da nova carteira de medidas.
Mas, segundo o
Financial Times de hoje, a notícia mais incisiva com influência segura na dinâmica
de discussão diz respeito aos resultados encontrados nos novos testes de stress
realizados à banca europeia. E aqui o relevante é o agravamento da posição dos
bancos alemães, com destaque para o Commerzbank (segundo banco privado alemão
mais importante). O nível de descapitalização da banca alemã analisada terá
quase triplicado face ao teste de Outubro passado, indiciando um agravamento da
não imunidade do sistema financeiro alemão à instabilidade em curso. Na sequência
destes resultados, o Commerzbank entra no espectro da nacionalização e a
Autoridade Bancária Europeia é considerada pela Associação de Bancos Alemães
uma entidade não credível. Situação ao rubro, convenhamos.
Para complicar, num
artigo publicado no Voxeu de 6.12.2011, (http://www.voxeu.org/index.php?q=node/7391), intitulado “A crise da zona euro, Acto II: atingiu
o Bundesbank o seu limite?”, Aaron Tornell e Frank Westermann concluem que o
Bundesbank rapidamente esgotará o stock de títulos que poderá vender para
financiar empréstimos adicionais ao Euro-Sistema. Independentemente de em próximo
contributo poder voltar a esta questão, isto significa que começa a esgotar-se
a possibilidade de, no âmbito de uma acção neutral do BCE, ser possível
resolver o problema das necessidades de financiamento de parte da banca
pertencente ao Euro-Sistema.
São evidências a
mais para tanta indecisão política.
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