quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

BANCOS ALEMÃES STRESSADOS …


Não podia haver um ambiente mais descoroçoante do que aquele que se tem vivido em pleno arranque da cimeira europeia de hoje. Mário Draghi (BCE) tratou de, preto no branco, confirmar que pode intervir mas segundo a via mais tradicional, isto é, no fundo, reafirmando que não está disposto a largar a protecção da ortodoxia monetária que inspira a instituição. Descida de taxa de juro, mais diversidade de acções de auxílio à banca europeia, aceitando novas modalidades de garantias colaterais aceitáveis, descida de rácios de depósitos nos bancos centrais nacionais, são exemplos da nova carteira de medidas.

Mas, segundo o Financial Times de hoje, a notícia mais incisiva com influência segura na dinâmica de discussão diz respeito aos resultados encontrados nos novos testes de stress realizados à banca europeia. E aqui o relevante é o agravamento da posição dos bancos alemães, com destaque para o Commerzbank (segundo banco privado alemão mais importante). O nível de descapitalização da banca alemã analisada terá quase triplicado face ao teste de Outubro passado, indiciando um agravamento da não imunidade do sistema financeiro alemão à instabilidade em curso. Na sequência destes resultados, o Commerzbank entra no espectro da nacionalização e a Autoridade Bancária Europeia é considerada pela Associação de Bancos Alemães uma entidade não credível. Situação ao rubro, convenhamos.

Para complicar, num artigo publicado no Voxeu de 6.12.2011, (http://www.voxeu.org/index.php?q=node/7391), intitulado “A crise da zona euro, Acto II: atingiu o Bundesbank o seu limite?”, Aaron Tornell e Frank Westermann concluem que o Bundesbank rapidamente esgotará o stock de títulos que poderá vender para financiar empréstimos adicionais ao Euro-Sistema. Independentemente de em próximo contributo poder voltar a esta questão, isto significa que começa a esgotar-se a possibilidade de, no âmbito de uma acção neutral do BCE, ser possível resolver o problema das necessidades de financiamento de parte da banca pertencente ao Euro-Sistema.

São evidências a mais para tanta indecisão política.

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