Uma citação:
“Não chega
protestar, é preciso pensar como levar isto para a política e para fora para
conseguirmos um movimento em massa. As assembleias gerais deviam fazer parte da
vida cívica de Londres. Trata-se de reconstruir comunidades e laços entre os
grupos a partir das bases e assumir responsabilidade”
Bryn Phillips, Movimento Occupy London, Suplemento Pública, Jornal Público,
18.12.2011, reportagem (excelente) de Joana Gorjão Henriques (texto) e José
Farinha (fotografia), “Não pagamos a crise”.
Os movimentos OCCUPY mantêm com a situação actual da
economia mundial e dos prolongamentos da Grande Recessão de 2008/09 três pontos
centrais de contacto:
- A denúncia do agravamento das desigualdades na distribuição do rendimento nas sociedades ocidentais, que continuaremos a analisar neste espaço;
- O combate à desregulamentação do sistema financeiro que a globalização dos anos 80 e 90 determinou, com sérias consequências para a estabilidade da ordem mundial;
- A desconstrução dos padrões e modelos de consumo e organização social que as sociedades modernas tenderam a gerar, em grande medida articulados com o primeiro dos pontos considerados (desigualdade na distribuição do rendimento).
A consistência
da acção é muito diferenciada em cada um destes elementos. É, por exemplo,
muito relevante a ponte que alguns destes movimentos têm conseguido estabelecer
com economistas fortemente críticos da incapacidade mundial de perceber as
verdadeiras razões da crise e da inconsequente abordagem à mesma daí
resultante. Na reportagem, Bryn Philips fala da insistência do movimento em
envolver professores das universidades de Cambridge e Oxford a falar ao resto
do país sobre as raízes do movimento. Nos Estados Unidos, o lema “We are the
99%” alimenta alguns dos blogues dos economistas mais proeminentes, centrado no
conhecimento enviesamento da distribuição do rendimento norte-americana. No
popularíssimo blogue de Bradford DeLong (http://delong.typepad.com),
um dos temas centrais é provocatoriamente: “Somos os 100% - Temos um interesse
comum e colectivo no Pleno Emprego e na Prosperidade Repartida”.
Dá que pensar a
inexistência de laços conhecidos ou pelo menos de diálogo entre a generalidade
das forças políticas do espaço da governação e estes movimentos. Esse diálogo
parece impossível ou pelo menos mais precário do que os contactos existentes
com o pensamento económico crítico da abordagem à crise mundial. Porque será?
Esses moços podiam pensar que grande parte das dificuldades dos bancos resultam de terem emprestado muito dinheiro aos paizinhos para eles irem ao Starbuck's, ao MacDonalds e terem as suas Playstations e os i-Jobs todos da coleção.
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