terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O BOSÃO DE HIGGS




O Público de hoje (http://www.publico.pt/Ciencias/se-existir-o-bosao-de-higgs-vai-provavelmente-ser-descoberto-para-o-ano-diz-o-cern-1524909) (com imagem de Ana Gershenfeld) dedica especial atenção à experiência desenvolvida no acelerador de partículas (LHC) do Laboratório Europeu de Física das Partículas (CERN) para eventual identificação da famosa “partícula de Deus”, o chamado bosão de Higgs.

No relato que a notícia faz da experiência, refere-se que o “LHC entrou em funcionamento em 2008 e a sua função é esmagar partículas subatómicas umas contra as outras a altíssimas velocidades, na esperança de que dessas colisões resulte a produção do bosões de Higgs”.

Numa analogia talvez um pouco forçada, ocorreu-me que os países da economia do sul estão hoje sujeitos a uma perigosa experimentação económica e social, destinada a testar se a “austeridade expansionista” constitui uma solução fiável para a crise das dívidas soberanas e, afinal de contas, para a própria crise da zona euro. Esse teste é teimosamente reafirmado quando algumas evidências sólidas permitem considerar essa abordagem como um mito de proporções gigantescas.

Mas ao contrário do ambiente experimental criado no LHC (CERN) a pretensa “austeridade expansionista” está a ser testada num ambiente social concreto, gerando empobrecimento e avaliando perigosamente a capacidade de resistência das sociedades à medida que sucessivas doses de austeridade são administradas para regular a terapia.A probabilidade de encontrar, em 2012, provas de existência da referida partícula talvez seja mais elevada do que a de demonstrar a existência de uma austeridade expansionista.

Uma vez mais e para bom entendedor, a recusa do teste não significa que se ignorem, sobretudo em Portugal, as necessidades de reformatação da despesa pública e de novos padrões de escolhas nesta matéria, escrutinadas com o mais amplo espectro democrático possível.

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