O Público
de hoje (http://www.publico.pt/Ciencias/se-existir-o-bosao-de-higgs-vai-provavelmente-ser-descoberto-para-o-ano-diz-o-cern-1524909) (com imagem de Ana Gershenfeld)
dedica especial atenção à experiência desenvolvida no acelerador de partículas
(LHC) do Laboratório Europeu de Física das Partículas (CERN) para eventual
identificação da famosa “partícula de Deus”, o chamado bosão de Higgs.
No
relato que a notícia faz da experiência, refere-se que o “LHC entrou em
funcionamento em 2008 e a sua função é esmagar partículas subatómicas umas
contra as outras a altíssimas velocidades, na esperança de que dessas colisões
resulte a produção do bosões de Higgs”.
Numa
analogia talvez um pouco forçada, ocorreu-me que os países da economia do sul
estão hoje sujeitos a uma perigosa experimentação económica e social, destinada
a testar se a “austeridade expansionista” constitui uma solução fiável para a
crise das dívidas soberanas e, afinal de contas, para a própria crise da zona
euro. Esse teste é teimosamente reafirmado quando algumas evidências sólidas permitem
considerar essa abordagem como um mito de proporções gigantescas.
Mas
ao contrário do ambiente experimental criado no LHC (CERN) a pretensa “austeridade
expansionista” está a ser testada num ambiente social concreto, gerando empobrecimento
e avaliando perigosamente a capacidade de resistência das sociedades à medida
que sucessivas doses de austeridade são administradas para regular a terapia.A probabilidade de encontrar, em 2012, provas de existência da referida partícula talvez seja mais elevada do que a de demonstrar a existência de uma austeridade expansionista.
Uma
vez mais e para bom entendedor, a recusa do teste não significa que se ignorem,
sobretudo em Portugal, as necessidades de reformatação da despesa pública e
de novos padrões de escolhas nesta matéria, escrutinadas com o mais amplo espectro
democrático possível.
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