segunda-feira, 31 de julho de 2017

AU REVOIR JEANNE




(As palavras e as sínteses sobre o que Jeanne Moreau representou para o cinema e para a cultura francesa e europeia em geral multiplicam-se agora que nos deixou, algumas delas são notáveis de finura de espírito, mas para mim ficam as memórias da sua imagem, do seu porte, da grandeza que se impunha no écran e no décor e um palco, isso basta-me…)

O cinema não teria o seu poder de sedução sem alguns rostos de mulher que nos povoam o imaginário, desde tempos idos em que não tínhamos a possibilidade de rever imagens indefinidamente no conforto de casa e de uma poltrona ou sofá. Mais do que o rosto é a postura e o porte de Jeanne Moreau que fazem parte desse meu imaginário, sobretudo a sua capacidade de, na sua representação, expressar o sentido mais profundo de uma estética de um Buñuel, de um Truffaut, de um Orson Welles, para falar apenas em alguns gigantes dessa arte.


Mas tenho de reconhecer que há palavras lindíssimas para assinalar a sua morte.

Destaco a de Gilles Jacob, presidente honorário do Festival de Cannes, no qual Moreau teve múltiplas presenças:

“Il est des comédiennes pour lesquelles, indépendamment de leur gloire, la classe et l'élégance morale sont un art de vivre. Jeanne Moreau est de celles-là.

Há comediantes para as quais, independentemente da sua glória, a classe e a elegância moral constituem uma arte de viver. Jeanne Moreau é uma dessas.”

Elegância moral. Que singeleza enorme para acompanhar o meu imaginário.

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