Há pessoas
em que o amor pela Vida e pelos Outros lhes deveria proporcionar a retribuição
dos seus desejos e aspirações. Tenho ecos de que a sua passagem pelos quadros
da CDCR N deixou a marca que nos deixou a nós, gente associada à Quaternaire
Portugal. Numa passagem das certezas de um setor público regional que ela então
achava demasiado rígido e pouco estimulante para as incertezas e interrogações
de uma empresa privada que vive os problemas da sua dimensão, a Isabel Leal de
nome mas leal no seu comportamento mostrou a sua determinação. Uma Isabel que foi
dando mostras da sua amizade pelos outros, o seu instinto gregário, a sua persistência
no trabalho, a que nos fomos afeiçoando, uma de nós para o melhor e para o pior.
E tenho também ecos de que no seio da sua família era um esteio em que todos se
apoiavam, alguém com uma dádiva aos outros que é hoje incomum encontrar.
A maldita
doença veio interromper esta ligação, mas mesmo nas dificuldades da doença a
coragem que foi manifestando, a forma heroica como ia recuperando dos
tratamentos violentíssimos e que nos intervalos de bonança não deixava de nos visitar
sempre com um pequeno presente, dos biscoitos Paupério da sua terra que amava até
a alguma das suas especialidades doceiras. A sua resistência infinita não
chegou para vencer a doença e compensar o sofrimento imenso a que se entregou
para tentar prolongar a sua vida.
Tenho
exemplos de pequenas declarações, de conversas mais profundas em torno dos
problemas da empresa, que a Isabel tinha uma confiança infinita no meu relacionamento
e no meu trabalho quando a envolvia. É por isso um sentimento de grande perda
que atravessa o meu pensamento. Penso que é a primeira pessoa da comunidade Quaternaire,
presente e passada, que nos deixa e isso é também sinal da vida já longa de uma
organização. Estou certo que a sua família, fortemente enraizada na indústria do
mobiliário do vale do Sousa, vai fazer tudo para honrar a memória de alguém tão
gregário como a Isabel. E estou certo também que as suas duas jovens filhas terão
encontrado nas virtudes de uma Mãe tão presente os ensinamentos e a linha de
rumo para combater a sua ausência nos futuros momentos das respetivas vidas que
a Isabel tanto gostaria de poder partilhar. A comunidade Quaternaire procurará à
sua maneira manter a recordação da Isabel, como se ela nos visitasse todas as semanas
e nos trouxesse a sua pequena gentileza.
Pela minha
parte, com a perda da sua Amizade, estarei mais pobre mas existirá para sempre na
minha memória.
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