terça-feira, 5 de junho de 2018

TRANSIÇÕES E VAZIOS



(O traço implacável de El Roto que melhor do que nada e do ninguém dá conta dos vazios que a luta política e democrática por vezes determina acompanha-nos na reflexão. Adaptações a novas vidas são necessárias.)

O traço inconfundível de El Roto acompanha-nos no seguimento do que se vai passando pela vizinha Espanha.

A moção de censura terá apanhado desprevenida muita gente afeta ao PP que no Governo ou nas suas mediações e intermediações terá de procurar novas ocupações. São assim as transições democráticas, tanto mais exigentes quanto menos esperadas elas eram, como foi de facto a mudança política em Espanha.

Mas, em meu entender, não terão sido as expectativas da gente afeta ao PP que mais terá sofrido o impacto da surpresa. Independentemente de um dia, mais ou menos próximo, a gente afeta ao CIUDADANOS poder assumir o poder, a verdade é que a estratégia de Rivera saiu furada por um golpe de asa de Sánchez, que jogou e arriscou no tempo certo de oportunidade. O líder do CIUDADANOS deixou-se embalar pelo conforto das sondagens e não fez as suas contas da aritmética eleitoral. E uma vez assegurada a saída de Rajoy, não me parece que as gentes do PP morram de amores por dar de mão beijada umas eleições ao CIUDADANOS no auge do seu conforto eleitoral. A gente do PP precisa de tempo para organizar o que fica após a saída de Rajoy. Isso não será compatível com eleições a muito curto prazo. E as formações políticas autonómicas consideram a força política do CIUDADANOS o seu principal adversário. Pode formar-se uma espécie de bloqueio de acesso ao poder à força política de Rivera e não me admiraria que o balão eleitoral comece a esvaziar.

Entretanto, o presidente da Xunta de Galicia começa a emergir bem posicionado para suceder a Rajoy. Que raio de ADN sociológico tem a Galiza para formar líderes do PP?

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