(A Texas Medical Association acaba de publicar um mapa de
atividades de risco em matéria de COVID-19, cobrindo coisas que podemos fazer
assumindo riscos do mais baixo possível ao mais elevado. É um estilo de
comunicação simples e eficaz só não acessível a daltónicos e estou certo que haverá
uma alternativa para compensar essa fragilidade. Curiosamente, a TMA considera que ir a um bar constitui neste momento a
atividade de maior risco. Sem surpresa, a reabertura dos bares na noite de
ontem no Reino Unido provocou como seria de esperar a maior das desbundas, em
si assustadora e, cá para mim, se estivesse no lugar do turismo algarvio
agradeceria de mãos no céu a dádiva do UK não nos ter concedido o estatuto de
corredor.
Todos se recordam que defendi o relativo êxito com que Portugal geriu a
primeira fase da pandemia (o confinamento atempado) resultou de uma consistente
relação entre decisão política, conhecimento científico e autoridades hospitalares,
com a gestão prudencial a pairar consistentemente sobre essa relação. O facto
de termos desconfinado mais depressa do que aqueles que estávamos a seguir com
um desfasamento temporal prudente precipitou a não continuidade desta
combinação virtuosa e, como coloco em título, lá se foi a gestão prudencial. A
pressão da abertura começou a aparecer de todos os lados e resolvemos abandonar
a gestão prudencial de irmos aprendendo com a evolução dos que foram atingidos
mais cedo. Poderia ter corrido bem, mas os dados de Lisboa vieram perturbar
esse equilíbrio e, como é nosso timbre, quando isso acontece as fragilidades
organizacionais vêm sempre ao de cima e, para mal dos nossos danos, há poucos Filipes
Froes. António Costa não pode assobiar para o lado pois entrou de vontade
própria na estratégia de desconfinar antes dos outros que tínhamos antes seguido
com vantagem. E Marcelo também não fica bem na fotografia, pois alinhou com o
discurso dominante.
A pressão descendente sobre a Ministra da Saúde saltou cristalina para
todos a ponto de a forçar a proclamar sabe-se lá com que sapiência que os casos
detetados em Lisboa não estavam ligados à sobrelotação dos transportes, sobre a
qual o Governo contrapôs médias a valores reais de algumas horas. Ó minha
santa, não havia necessidade.
Portugal precisava de uma estratégia comunicacional assente em documentos
como o da Texas Medical Association. Neste momento, precisávamos de um confronto
explicativo sério e objetivo entre os não casos do coração metropolitano do
Porto (Porto, Matosinhos, Gondomar e Maia, já que para minha preocupação Vila
Nova de Gaia não está estabilizada) e a vivacidade do coração metropolitano de
Lisboa.
Já agora fiquei chocado com as imagens da abertura dos bares ontem no Reino
Unido, sucedendo-se às também esclarecedoras imagens de algumas praias inglesas
no último fim de semana. Não por caso, os bares são a atividade de risco máximo
na escala da TMA. Talvez tenha sido positivo os ingleses se terem borrifado
para o nosso orgulho na decisão da UEFA. O Algarve talvez agradeça no futuro
essa decisão, apesar do desemprego.
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