Passagem por Foz-Côa para assistir a uma cerimónia justa de homenagem a António Guterres (AG) pela histórica decisão do seu governo de há um quarto de século de parar a construção de uma barragem para salvar gravuras paleolíticas em risco. Um momento importante que também ajudou a marcar o fim do cavaquismo e o início de uma nova fase de maior respiração na política nacional.
Foi um AG em excelente forma – quer no plano físico (mais magro até, as brancas são apenas a força do tempo) quer no plano do verbo desenvolto e apropriado (da utilização da identidade como pretexto para divisões e discriminações à ciência e à cultura como fatores estruturantes essenciais ao desenvolvimento e à coesão) – que agradeceu a atribuição do seu nome ao auditório do belíssimo Museu do Côa; e ainda foi a tempo de denunciar o “vacino-nacionalismo” que assalta o mundo.
Outras menções justas são devidas ao diretor do Museu (Bruno Navarro), também pelos 10 anos da Instituição, e ao focado presidente da Câmara Municipal (Gustavo Duarte), para além das associadas aos bons discursos de Ana Abrunhosa e Manuel Heitor (este também a propósito dos 25 anos do Ministério da Ciência). Um aceno de simpatia, também, para Artur Santos Silva e o seu “Promove” no âmbito da “Fundação La Caixa”. Falou-se pouco, demasiado pouco, de José Mariano Gago e não se deu qualquer nota do papel desempenhado por Fernanda Rollo (com a ajuda de Helena Freitas) no tocante à reabilitação da situação financeira do Museu através de uma intervenção azada e muito inteligente da área da Ciência (área governativa em que Fernanda Rollo era então Secretária de Estado de Manuel Heitor).
No demais, uma conversa interessantíssima com os jovens familiares de AG ao almoço, percebendo o mundo que já possuem e a genuína vontade com que olham para o que os rodeia e para muito do que vai fazendo a diferença interna e externa neste nosso “jardim à beira-mar”.
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