(Mais algumas
reflexões sobre o simpósio do Wyoming, agora que o programa é conhecido e o debate já começou)
O Governador do Banco de
Portugal Carlos Costa teve a amabilidade de me dirigir uma curta e contida comunicação
sobre a sua nova participação no simpósio de Jackson Hole, organizado pelo
Federal Reserve Bank de Kansas City, mais especificamente a quarta participação
no evento.
A partir do seu
testemunho pessoal que muito agradeço é possível confirmar algo de promissor: o debate entre os condutores
da política monetária, os bancos centrais, estará mais avançado do que
transparece do que vai sendo lido na imprensa especializada. Isso deve-se, e
muito bem, a uma prática de discussão em ambientes restritos e limitados à esfera
dos bancos centrais, que só esporadicamente, como em Jackson Hole, é partilhado,
embora com limitações, com o exterior, neste caso a academia. Significa isto
que os condutores da política monetária estão atentos à mudança radical de contexto
em que operam, levando a sério os avisos e ensinamentos de alguns economistas. Aparentemente
o debate estará mais atrasado entre os políticos, projetando-nos num dos temas
centrais deste blogue: por que razão se transformaram as relações entre o
conhecimento económico e a decisão política?
No estado da arte global
que é conhecido, imaginar que a política monetária poderá substituir-se aos custos
das decisões políticas que produzam as escolhas públicas certas para afrontar
os problemas da economia global é pura mistificação. Certamente que a política
monetária ajudará, sobretudo se encontrar um novo paradigma para o novo normal
dos tempos que correm. Mas imaginar que a decisão política pode esconder-se eternamente
atrás dos condutores da política monetária tem de ser ampla e decisivamente denunciado.
Os primeiros papers e handouts estão já disponíveis. Matéria para posts seguintes.
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