É inevitável que assim sempre seja em agosto, tempo que já de si é de silly season e que o é por acréscimo quando nos referenciamos a este jardim à beira-mar plantado onde tão pouco acontece de interessante para entreter a malta! A história das viagens a França, a expensas da Galp, dos secretários de Estado Fernando Rocha Andrade, João Vasconcelos e Jorge Costa Oliveira para assistirem a jogos da seleção nacional de futebol no “Europeu” releva de um puritanismo de lamentáveis contornos calvinistas. Toda a gente sabe, e de há perdidas décadas, que são às grosas os agentes políticos que viajam semelhantemente a convite de empresários, associações, clubes e outras entidades. E, por outro lado, que este Portugal latino e católico, evidenciando à saciedade e sem disfarces tantos defeitos de fabrico ou adquiridos, não é a Suécia nem qualquer outro país absurdamente rígido do Norte da Europa. Mas haverá mesmo algum mal em que um governante ou dirigente aceite uma boleia aérea para disfrutar em grupo de um inócuo momento lúdico-desportivo? Por mim, a única coisa que verdadeiramente consideraria dispensável tem a ver com a desnecessária exibição de aparente má consciência, ou seja, com aquela tentativa precipitada de correção ex-post de uma ideia errada de oportunismo ou ausência de seriedade ex-ante, seja por via da imediata declaração dos ditos quanto a que iriam devolver a massa (do bilhete, do hotel, do restaurante ou do charter?) à petrolífera seja por via da sua tutela quanto a que viria aí um regulador código de conduta. Perante tanta energia desperdiçada, pouca acaba por sobrar para que sejam devidamente tratados os infelizmente tão abundantes assuntos graves e sérios que encharcam estas nossas euro-ocidentais paragens!
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