sábado, 10 de agosto de 2024

QUEM ESCREVE A QUENTE …

 

(Refletia eu sobre a nossa malapata das medalhas de ouro, impulsionada sobretudo pelo colapso do grande Fernando Pimenta, quando num fim de tarde para recordar os ciclistas Iúri Leitão e Rui Oliveira nos brindaram com uma prestação notável na corrida de Madison ou como se dizia corrida à americana, assegurando assim a tão pretendida medalha de ouro. Segui a prova com curiosidade, até porque se trata de uma modalidade de corrida que não é fácil acompanhar, dada a dimensão da pista e a velocidade a que se roda. Estima-se que Leitão e Oliveira terão rodado a uma média em torno dos 60 quilómetros hora, numa prova em que a tecnicidade dos lançamentos de um corredor para o outro exige uma perícia notável, que o digam os ciclistas italianos que tinham a medalha de ouro bem perto e que num desses lançamentos tiveram a queda de um dos seus elementos. A prova dos dois ciclistas portugueses, profissionais, respetivamente da Caja Rural e da cosmopolita equipa da Emirates, foi um prodígio de estratégia e de tática, escondidos no pelotão até praticamente metade da prova, começando a pontuar na parte final, depois de bem avaliadas as forças dos principais adversários. E assim o ouro fez as pazes com os portugueses, com a primeira medalha de ouro olímpica que não foi conquistada pelo atletismo, numa renovação que se festeja, sobretudo após a aposta no Centro de Alto Rendimento de Sangalhos. Talvez os portugueses nunca tivessem ouvido falar de uma corrida Madison, mas que nos empolgou a todos isso não há dúvidas, mesmo que apanhando o cronista em flagrante contradição. Quem escreve a quente corre riscos, mas desta vez a contradição até soube bem, especialmente seguida com emoção.

 

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