Não passará, muito provavelmente, de uma flor passageira na floresta de problemas que a Ucrânia atravessa na sequência da invasão russa e da crescente dificuldade em a rechaçar com eficácia, após uma primeira parte de 2024 bastante gravosa e em perda. Mas o certo é que a decisão estratégica de Zelensky e seu estado-maior no sentido de uma contraofensiva em território russo não apenas apanhou Putin desprevenido como lhe está a criar inesperadas atribulações nas regiões de fronteira a norte (Kursk e Belgorod), de onde já terá sido obrigado a deslocar perto de 200 mil habitantes e onde já declarou estado de emergência. Assim, e mesmo sabendo que a solução do conflito não irá passar por este tipo de iniciativas (face à enorme desigualdade das forças em presença), a movimentação ucraniana é de saudar pela visão tática que revela e talvez também pelo seu potencial efeito em termos de pressões internas à Rússia e da inflexibilidade negocial dos russos perante uma disputa que já assumiam como ganha. Sendo claro que há riscos, designadamente no que toca à proclamação por parte destes de estarem agora definitivamente confrontados com uma guerra com o Ocidente e às manobras mais ou menos desesperadas e suicidas que daí podem derivar – mas contra isto, fazer o quê?
quarta-feira, 14 de agosto de 2024
UMA BELA PROVA DE VIDA UCRANIANA
(Ricardo Martínez, http://www.elmundo.es)
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