Estamos perante alguém com um entendimento muito próprio da atividade política. Teresa é sobretudo leal ao Coelho, sem prejuízo da sua indiscutida lealdade a um marido que foi chefe de gabinete deste e dali saltou para a embaixada de Madrid. Teresa aceitou agora ser a candidata do PSD de Coelho a Lisboa, o que é de louvar por tal ter ocorrido após este quase ter esgotado o abecedário em convites recusados. Mas Teresa também já foi leal a Vale e Azevedo, dirigindo os recursos humanos do Benfica a que o dito presidia e administrando o pelouro do contencioso da SAD em formação para mais tarde ser sua testemunha abonatória em tribunal. Bem menos leal tem sido a turbo-vereadora, eleita pelo PSD em 2013, à Câmara Municipal de Lisboa – faltou a 91 de 153 sessões, i.e., a duas em cada três reuniões ocorridas nestes anos de mandato (mais recentemente, marcou presença em 5 de 27 sessões desde setembro passado).
Dito tudo isto, o dado que melhor define o estilo levezinho desta política à portuguesa no que ela tem de pior ainda é o da sua esvoaçante preparação dos dossiês, como bem se constatou quando largou desabridamente a sua primeira promessa de candidata: nada menos do que eliminar o Imposto Municipal sobre Imóveis em favor dos lisboetas que a elegessem – assim: “embora tenhamos o IMI baixo, ele pode passar para um nível de 0%” –, o que acontece ser uma situação impossível de concretizar por várias ordens de razões, legais (o IMI é definido no Orçamento do Estado e este estabelece-lhe um limite mínimo e um teto máximo para o imposto, cabendo apenas às autarquias adotar um valor dentro desse leque) e realistas (o IMI é a principal fonte de receitas da autarquia, que aliás já o cobra pelo nível mais baixo, sendo impensável que ela possa ser integralmente dispensada nesse quadro).
Conclua-se: a lealdade é uma enorme virtude, mas tal não obsta a que se recomende à senhora alguma contenção nas respetivas manifestações de exagero e algum estudo mínimo antes de deitar a boca ao microfone...
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