(O Financial
Times e o New York Times publicaram nesta última semana duas reportagens, bem
ilustrativas da divisão que se foi cavando nesta Europa, entre a pequena cidade
que virou securitária e acolheu a extrema direita e a metrópole global e
cosmopolita, Béziers
versus Londres um contraponto a que temos dado pouca atenção…)
O Financial Times tem percorrido alguns dos bastiões populistas e de
extrema-direita. Desta vez andou pelas bandas de Béziers, uma cidade de 75.000
habitantes entre Montpellier e Toulouse. De Béziers sabia eu que era um bastião
do râguebi francês e que fora tocada pela derrocada da economia do vinho. Nesta
cidade, parte integrante de uma França marginalizada e esquecida, o populismo
de direita campeia, o sentimento anti-islâmico está à solta e pode dizer-se que
é uma cidade representativa da Frente Nacional e de uma possível vitória nas
legislativas deste mês.
Como é que se terá chegado a esta situação? Progressiva e sustentadamente,
face à indiferença de muitos, gerando o que poderíamos chamar de territórios de
desilusão.
Em contraponto, a reportagem do New York Times sobre a metrópole londrina
respira cosmopolitismo, diversidade, integração, numa espécie de face
sorridente da globalização. A metrópole londrina votou expressivamente contra o
BREXIT, seguindo um modelo de “melting
pot global, de trading global, de
comunicação global e de um lugar em que todos toleram todos”. Tudo isto parece
ruir com a vitória do BREXIT, sendo difícil de imaginar o que será Londres no pós-BREXIT,
independentemente dos resultados da complexa negociação que vai seguir-se.
O contraponto de Béziers versus Londres ilustra bem a divisão em que a União
Europeia está mergulhada. Talvez o contraponto tenha avançado em demasiada
profundidade, colocando sérias interrogações como ultrapassar esta polarização.
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