(Em boa hora
alertado pelo amigo Oliveira das Neves, folgo em saber que um dos prémios de
criatividade destacados pelo Famalicão MADE IN, um dos projetos da agenda
estratégica do concelho que vou hoje comentar na casa das Artes, explora por via do design uma das memórias
deixadas pelo fabuloso ÍRIS presente na minha memória afetiva…)
Agradeço ao António a leitura atenta deste blogue e mais ainda o seu alerta
para o projeto da manteigueira ÍRIS ganho pelo arquiteto João Faria, radicado
em Vila Nova de Famalicão, prémio atribuído pela plataforma italiana A'Design
Award, no passado dia 15 de abril, na categoria “Bakeware, Tableware, Drinkware and Cookware Design”.
A elegância da peça é bem ilustrativa da imagem afetiva que o Íris deixou
em muita gente, entre os quais este vosso blogger-amigo e nada melhor do que
dar a palavra ao inspirado criativo: “O Restaurante Íris sempre foi um local que me fascinou.
Existia aí uma peça cilíndrica com uns buracos em cima por onde saía a manteiga
quando pressionava um êmbolo. Achei a forma muito elegante de apresentar a
manteiga e o conceito engraçado. Naquele espaço os valores estavam, de facto,
muito bem pensados e foi inspirado nisso que desenvolvi esta peça”.
Por aqui se conclui que a memória afetiva em torno do Íris é do tipo muitissensorial,
envolve o palato, mas também o sentido estético da imagem. O Íris era na minha classificação
de flâneur urbano uma atmosfera. Não
me recordava da manteigueira que inspirou o criativo, mas ainda bem que a minha
tese se demonstra. Se o país não precisasse da mobilização de todas as energias
para sustentar o seu futuro, atrever-me-ia a fundar o clube dos amigos da memória
do Íris, o que é espantoso o restaurante de uma bomba de gasolina. É que no
meio desta minha memória há muito de saudosismo por uma família que já não está
cá. E o país não precisa de saudosismos. Precisa de agendas viradas para o
futuro, como as de Famalicão, embora nessas agendas haja pontes com o passado,
recriado claro está e com elegância.
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