sábado, 8 de abril de 2017

UM ABRAÇO RECONHECIDO A JORGE SAMPAIO!



Claro que não poderia de modo algum faltar a ser parte desta oportunidade em que o lançamento do segundo volume da biografia de Jorge Sampaio por José Pedro Castanheira redundaria inevitavelmente num tributo público mais do que merecido ao homem e ao político. Assim foi na Sexta-Feira ao final da tarde na Fundação Calouste Gulbenkian perante uma sala bem recheada de amigos, camaradas e admiradores. O painel – António Costa, Luís Marques Mendes, Elisa Ferreira e Ana Nunes de Almeida, moderados por António José Teixeira – foi interessante q.b., mais talvez pelas petites histoires laterais (do voto em Otelo ao processo de Timor, aqui com destaque para o telefonema das 5 da manhã ao embaixador americano e a decisiva entrevista à CNN de dezembro de 1996) do que pelo unanimismo da leitura de todos em relação à notável personagem que ali estava diante de nós. Caráter, verticalidade e autenticidade terão sido as palavras mais utilizadas, mas salientou-se também a grande abertura à diferença, a preocupação de equilíbrio, o pessimismo metódico, a indecisão consciente, a dimensão cultural e o estoicismo na obediência a princípios de Jorge Sampaio. Quanto à intervenção deste, que encerrou a sessão, duas notas começou por querer deixar: a da sua perplexidade perante a ideia de ser considerado mais claro quando fala inglês do que português (ele que ganhou eleições neste Portugal, lembrou com graça!) e a da sua comoção perante os elogios ouvidos (mas não choro, logo acrescentou com firmeza!). Depois, definiu-se como um militante da causa pública e como um homem inquieto, defendeu o reforço do Estado e a centralidade da equidade social, apontou para a necessidade de um sobressalto cívico e terminou dizendo-se pacificado ao constatar que a atual geração, mais preparada do que alguma outra, “pode triunfar onde nós falhamos”. Quase não se falou dos meandros da política nacional e da política partidária, alguns surgindo a meu ver de modo muitíssimo revelador no livro, mas para tal aí fica uma obra doravante indispensável à devida compreensão de duas décadas do Portugal democrático em que Jorge Sampaio foi um protagonista incontornável e absolutamente determinante.

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