(Com o PSOE dilacerado
pelas suas divisões internas e pela queda de reconhecimento que enfrenta na
sociedade espanhola, o desaparecimento da catalã Carme Chacón é uma perda que se abate sobre um deserto não
só de ideias mas também de protagonistas possíveis de melhores dias …)
José Luís Zapatero não terá trazido nada de muito relevante à política
espanhola e à afirmação do PSOE. Mas trouxe para a ação política e para os seus
governos novos rostos e personalidades que muito contribuíram para o
prolongamento desses tempos de passagem do PSOE pelo poder.
Quem não se recorda da ministra da Defesa do governo espanhol, passando revista,
grávida, às tropas espanholas estacionadas no Afeganistão ou da homenagem
prestada perante a urna de um soldado espanhol falecido em missão no
estrangeiro?
Carme Chacón, que chegou a dirigir o PS da Catalunha, escondia na sua fragilidade
radiosa uma cardiopatia congénita, que tudo indica acabou por revelar-se fatal na
sua morte em Madrid, sozinha, ainda com menos de 50 anos, no seu apartamento da
Rua Viriato na capital espanhola. Chacón fazia parte de um grupo de mulheres na
política espanhola que trouxeram à ação política um outro entusiasmo, uma outra
autenticidade, rejuvenescendo o universo dos fatos escuros da política,
trazendo para esta simbolicamente novos cromatismos.
Nunca saberemos o que teria sido o PSOE se Chacón não tivesse perdido por
22 votos para Rubalcalba a eleição interna do PSOE. A cardiopatia congénita
exigiria provavelmente uma vida mais calma do que a que foi desenvolvendo em
torno da sua ideia central de uma Espanha das Nações, projetando a Catalunha para
outros rumos que não a do beco sem saída em que, presentemente, se encontra. Nos
últimos tempos, talvez em busca de tempos mais calmos, dividia-se pelas aulas
de sistemas políticos numa Universidade em Miami e o escritório de advogados de
que era sócia em Madrid.
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