(Tempo apenas para
o registo de uma obra fundamental para compreender o desaparecimento da classe
média na sociedade americana, com a curiosidade de invocar uma herança intelectual que está na origem
da minha formação em economia do desenvolvimento…)
O tempo tem sido curto para a maturação de ideias ao serviço deste espaço
de reflexão.
Por isso, limito-me por hoje a registar mais uma obra crucial para compreendermos
o desaparecimento da classe média na sociedade americana e a partir dela desenharmos
por comparação novas incursões sobre as particularidades europeias nesta matéria.
Também uma oportunidade para nos ajudar a compreender o advento do Trumpismo, embora
entre o início das eleições americanas e os dias de hoje seja brutal a queda de
confiança observada entre os próprios grupos apoiantes do atual presidente.
A obra é de um economista estabelecido nas matérias da economia internacional
e até da revisita do keynesianismo, PETER TEMIN e chama-se: “The Vanishing Middle Class – Prejudice ans
Power in a dual economy” (MIT Press, 2017), com o Middle Class a preto numa
capa a preto com as letras brancas.
O que é que me está a fascinar neste contributo? Simplesmente a utilização
dos mecanismos da economia dual (pobres, desfavorecidos e desqualificados
versus o topo da distribuição do rendimento), com os quais aprendi que o
subdesenvolvimento era ele próprio um processo dinâmico. Cinquenta anos depois,
o modelo de Sir Arthur Lewis é invocado para explicar o desaparecimento do
miolo das sociedades avançadas, com sérias consequências (como estamos a
assistir) para o dinamismo social da democracia. A economia tem destas ironias
e não deixa de ser com algum gozo que o registo neste espaço.
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