quarta-feira, 5 de abril de 2017

TAMBÉM POR CÁ SERÁ ASSIM?

(La Vanguardia)


(Até aqui o comportamento diferenciado dos mercados de trabalho em Espanha e Portugal, visível por exemplo no comportamento das taxas de desemprego, tem-nos feito esquecer os efeitos da integração ibérica, mas nada invalida …)

A macroeconomia continua a correr bem a Rajoy e muito mal aos seus opositores. A evolução da economia espanhola, apesar das necessidades de uma análise mais fina do que a que é transmitida pela imprensa económica e não especializada, é o melhor seguro para a inação do primeiro-ministro espanhol. Para além disso, a recuperação em curso é o melhor lenitivo para acalmar os dissabores de uma Catalunha intrometida e indisciplinada que não desiste de incomodar o estado espanhol e os mais recentes efeitos colaterais do Brexit com Gibraltar à mistura, para não falar da vulnerabilidade de Ceuta às migrações em massa para o continente europeu.

A não integração mais plena das duas economias e dos respetivos mercados de trabalho continua a ser um mistério para algumas almas que seguem a evolução das economias ibéricas. Essa não integração plena mostra que apesar da União Europeia e da globalização (agora mais murcha) os factos nacionais continuam a marcar a diferença, apesar de não existir uma fronteira física.

Mas não há proteção que sempre dure e conviria olharmos com mais atenção para a extensão natural do nosso mercado nacional, mesmo que tenhamos de reconhecer que os espanhóis foram mais competentes a resolver as maleitas da sua banca, facto que motivou a minha mordaz crítica de não perceber o espanto nacional perante a espanholização da nossa banca.

A evolução macroeconómica favorável que vem confortando a governação em minoria do PP vai-se traduzindo também no mercado de trabalho, com recuperação assinalável da criação de emprego. Para prolongar o mistério, a recuperação do emprego em Portugal tem sido concretizada através de uma recuperação macroeconómica menos pujante do que a espanhola. Disso poderemos falar em posts futuros.

Por hoje, gostaria de assinalar que a recuperação mais recente evidenciada pelos dados do emprego em Espanha dá a hotelaria e a construção como os baluartes da consolidação da criação de emprego.

Onde é que eu já vi isto?

Será que as economias ibéricas estão a caminhar de novo para um foco no imobiliário-turístico?

Estaremos condenados a esta evolução estrutural, positiva pela estabilização do emprego, pouco promissora em termos de modelo futuro?

O imobiliário-turístico será um arremedo metafórico da ideia preconcebida de Dijsselbloem sobre as economias do sul?

Sem comentários:

Enviar um comentário