(La Vanguardia)
(Até aqui o
comportamento diferenciado dos mercados de trabalho em Espanha e Portugal, visível
por exemplo no comportamento das taxas de desemprego, tem-nos feito esquecer os efeitos da
integração ibérica, mas nada invalida …)
A macroeconomia continua a correr bem a Rajoy e muito mal aos seus
opositores. A evolução da economia espanhola, apesar das necessidades de uma análise
mais fina do que a que é transmitida pela imprensa económica e não
especializada, é o melhor seguro para a inação do primeiro-ministro espanhol. Para
além disso, a recuperação em curso é o melhor lenitivo para acalmar os dissabores
de uma Catalunha intrometida e indisciplinada que não desiste de incomodar o estado
espanhol e os mais recentes efeitos colaterais do Brexit com Gibraltar à
mistura, para não falar da vulnerabilidade de Ceuta às migrações em massa para
o continente europeu.
A não integração mais plena das duas economias e dos respetivos mercados de
trabalho continua a ser um mistério para algumas almas que seguem a evolução
das economias ibéricas. Essa não integração plena mostra que apesar da União
Europeia e da globalização (agora mais murcha) os factos nacionais continuam a
marcar a diferença, apesar de não existir uma fronteira física.
Mas não há proteção que sempre dure e conviria olharmos com mais atenção
para a extensão natural do nosso mercado nacional, mesmo que tenhamos de
reconhecer que os espanhóis foram mais competentes a resolver as maleitas da
sua banca, facto que motivou a minha mordaz crítica de não perceber o espanto
nacional perante a espanholização da nossa banca.
A evolução macroeconómica favorável que vem confortando a governação em
minoria do PP vai-se traduzindo também no mercado de trabalho, com recuperação
assinalável da criação de emprego. Para prolongar o mistério, a recuperação do
emprego em Portugal tem sido concretizada através de uma recuperação macroeconómica
menos pujante do que a espanhola. Disso poderemos falar em posts futuros.
Por hoje, gostaria de assinalar que a recuperação mais recente evidenciada
pelos dados do emprego em Espanha dá a hotelaria e a construção como os
baluartes da consolidação da criação de emprego.
Onde é que eu já vi isto?
Será que as economias ibéricas estão a caminhar de novo para um foco no imobiliário-turístico?
Estaremos condenados a esta evolução estrutural, positiva pela estabilização
do emprego, pouco promissora em termos de modelo futuro?
O imobiliário-turístico será um arremedo metafórico da ideia preconcebida
de Dijsselbloem sobre as economias do sul?
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