(Apenas para
memória futura, uma avaliação vinda de alguém que pensa a Europa sem
ortodoxias, Wolfgang Münchau, centrado na prospetiva de uma saída do Euro …)
Wolfgang Münchau é um comentador alemão do Financial Times a que muita da
heterodoxia económica portuguesa recorre para recolher apoios na sua argumentação.
Assim sendo, talvez valha a pena ouvir o que ele tem para dizer sobre uma
eventual desagregação do Euro com hipotético epicentro em França (Le Pen) e em
Itália (Grillo).
Estaremos perante um exercício de catastrofismo? Não me parece.
“É possível, ainda que não seja fácil,
admitir intelectualmente uma saída do euro em qualquer um dos países (França e
Itália, nota minha), mas nem Mr. Grillo nem a senhora Le Pen o fizeram. Se
quiserem ser sérios acerca de uma saída do euro, deveriam ter percebido que se
trata de uma coisa de grande dimensão, a única que marcará o período de passagem pelo poder.
Só disso irão ocupar-se durante muitos anos. É muito maior do que o Brexit – e
isso ocupa o governo do Reino Unido a tempo inteiro.
Se qualquer um destes países abandonar a moeda única,
isso conduziria ao maior default da história humana. Haveria crises de bancos por
toda a União Europeia. O bloco pode ter de lutar para se manter unido. O
próprio euro seria ameaçado. Uma saída do euro é tão complicada e tão arriscada
como começar uma Guerra. Será necessário proteger as fronteiras para evitar que
as pessoas transportem os euros para for a do país. Será necessário envolver a
polícia para dominar os motins. Será também precisa uma operação de tipo
militar para levar a cabo a operação logística. Pensaram nisto? Não há avenidas
virtuais para uma saída ordeira do euro, nem mesmo uma saída legal. Pensem na
saída do euro como um golpe militar – alguma coisa que se faz num fim-de-semana
com tanques nas ruas”.
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