segunda-feira, 10 de abril de 2017

QUEM AVISA …




(Apenas para memória futura, uma avaliação vinda de alguém que pensa a Europa sem ortodoxias, Wolfgang Münchau, centrado na prospetiva de uma saída do Euro …)

Wolfgang Münchau é um comentador alemão do Financial Times a que muita da heterodoxia económica portuguesa recorre para recolher apoios na sua argumentação. Assim sendo, talvez valha a pena ouvir o que ele tem para dizer sobre uma eventual desagregação do Euro com hipotético epicentro em França (Le Pen) e em Itália (Grillo).

Estaremos perante um exercício de catastrofismo? Não me parece.

É possível, ainda que não seja fácil, admitir intelectualmente uma saída do euro em qualquer um dos países (França e Itália, nota minha), mas nem Mr. Grillo nem a senhora Le Pen o fizeram. Se quiserem ser sérios acerca de uma saída do euro, deveriam ter percebido que se trata de uma coisa de grande dimensão, a única que marcará o período de passagem pelo poder. Só disso irão ocupar-se durante muitos anos. É muito maior do que o Brexit – e isso ocupa o governo do Reino Unido a tempo inteiro.

Se qualquer um destes países abandonar a moeda única, isso conduziria ao maior default da história humana. Haveria crises de bancos por toda a União Europeia. O bloco pode ter de lutar para se manter unido. O próprio euro seria ameaçado. Uma saída do euro é tão complicada e tão arriscada como começar uma Guerra. Será necessário proteger as fronteiras para evitar que as pessoas transportem os euros para for a do país. Será necessário envolver a polícia para dominar os motins. Será também precisa uma operação de tipo militar para levar a cabo a operação logística. Pensaram nisto? Não há avenidas virtuais para uma saída ordeira do euro, nem mesmo uma saída legal. Pensem na saída do euro como um golpe militar – alguma coisa que se faz num fim-de-semana com tanques nas ruas”.

Wolfgang Münchau, Financial Times: ver link aqui.

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