Ainda a quente, e não esquecendo a última palavra que há de vir do Parlamento Europeu, reajo à lista dos comissários indigitados (2024/29) que Ursula von der Leyen ontem divulgou (infografia acima). O primeiro apontamento que se justifica decorre do afastamento de Thierry Breton em cima da hora, aparentemente após uma aproximação bem-sucedida de Ursula junto de Macron, sendo que este também estava desejoso de encontrar uma saída para o ex-companheiro do seu primeiro-ministro Attal e seu ministro dos Negócios Estrangeiros (que Barnier rejeitava) – o útil juntou-se ao agradável ou, talvez melhor, o ódio de uma coincidiu com a falta de rumo do outro (a ponto de acreditar que Séjourné, passando a vice-presidente executivo – um mero formalismo que lhe assegura uns trocos mais e um gabinete maior –, colocaria a França numa posição de mais poder, mesmo sem tutelar a Defesa e o Espaço) e, isso parece certo, quem perdeu foi a Europa (onde Breton, apesar da sua inclinação franco-francesa, estava a fazer um trabalho distintivo). De notar ainda os equilíbrios que Ursula logrou realizar na escolha dos seus seis vice-presidentes executivos (dois PPE, dois S&D, um Renew e um ECR/Meloni mas também três promessas formalmente cumpridas – Itália, França e Espanha – e uma distribuição de pastas com algum sentido mas vários truques implícitos, juntando a Concorrência ao Verde, pagando tributo a Draghi com a Estratégia Industrial e içando a Coesão ao cume, isto para além da relevância dada aos Negócios Estrangeiros, às Competências e à Tecnologia), em detrimento de uma merecida despromoção de três ex-vices fracos (Dombrovskis, Dubravka e Šefčovič, não por acaso colocados na linha de cima do boneco). O restante é uma igualdade de género honrosamente falhada e são uns melões por abrir mas que não parecem especialmente dotados e umas designações pomposas e de conteúdos algo sobrepostos, minudências de que já ninguém se recordará daqui a alguns meses.
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