Chega ao fim em Serralves a maior retrospetiva europeia jamais realizada da icónica artista japonesa Yayoi Kusama, de 95 anos. Um sucesso merecedor do maior aplauso à Administração e à Direção Artística por ter logrado trazer ao Porto uma exploração coerente de toda a diversidade de uma carreira e obra de sete décadas (160 trabalhos, incluindo pinturas, desenhos, esculturas, instalações e materiais de arquivo) que se constituíram num dos expoentes culturais dos séculos XX e XXI. Ver e tentar compreender Kusama, que nunca transigiu na sua forma de estar e na forma simultaneamente reflexiva, imersiva e vanguardista de se exprimir ao longo do tempo (entre os desenhos de adolescência durante a Segunda Guerra Mundial, os tempos de Nova Iorque e os do regresso ao Japão, recorrentemente atravessados por uma muito própria e dolorosa filosofia de vida), é hoje razão de interesse para milhões de pessoas cativadas por uma estética pessoal tão refinada quanto dependente de incessantes perguntas profundas sobre a existência, o caráter ilimitado do espaço e os ciclos naturais de regeneração que orientam as suas explorações criativas. A exposição está organizada cronologicamente e por grandes tópicos: Infinito, Acumulação, Conectividade Radical, Biocósmico, Morte e Força de Vida. Insto quem tenha tal possibilidade na sua organização de agenda a deslocar-se a Serralves até ao próximo dia 29, seguro de que valorizará a espessura artística e humana do que ali vai encontrar.
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